Sessão sindical marcada para a noite de Santos Populares motiva encerramento total do serviço. Sindicato recusa críticas da empresa e insiste em incumprimentos de acordos anteriores.

O Metropolitano de Lisboa vai suspender esta quinta-feira, a partir das 20:00, a circulação de comboios e encerrar todas as estações, devido à realização de um plenário de trabalhadores. A decisão surge na sequência de uma convocatória sindical para um plenário entre as 21:15 e as 02:30 de sexta-feira, mesmo em plena noite das festas dos Santos Populares, uma das mais movimentadas do ano na capital.

Em comunicado emitido na quarta-feira, a empresa classificou a iniciativa como “inédita e inusitada“, apontando que a convocatória “apela expressamente à participação de todos os trabalhadores”, sem prever mecanismos para assegurar serviços mínimos ou de carácter essencial. A transportadora alertou para a ausência de condições operacionais e de segurança, numa altura em que se espera um aumento exponencial da procura, agravado pelas comunicações de ausência de muitos funcionários.

Contudo, Sara Gligó, dirigente da Fectrans (Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações), refutou a leitura da empresa, garantindo que plenários noturnos não são novidade e que os trabalhadores têm razões legítimas para manter o protesto. “Há um conjunto de 14 questões por resolver, que, se tivessem sido acatadas, teriam evitado este plenário”, afirmou, recordando ainda que a empresa não cumpriu integralmente um acordo celebrado em dezembro de 2024, o que levou ao levantamento de uma greve anterior.

A sindicalista denunciou também que alguns compromissos assumidos desde 2023 continuam por cumprir, incluindo temas como o pagamento de variáveis remuneratórias, o aumento do subsídio de refeição e a redução do horário para as 35 horas semanais.

Apesar de terem ocorrido reuniões esta semana entre sindicatos e administração, não houve abertura da empresa para desbloquear o impasse, segundo Gligó. “Vamos manter o plenário, mas estamos sempre abertos à negociação”, garantiu.

O Metropolitano reiterou, entretanto, a sua disponibilidade para o diálogo e lamentou os transtornos para os passageiros, especialmente numa noite em que milhares de pessoas recorrem ao transporte público para participar nas celebrações populares.

Recorde-se que hoje decorre também uma greve de 24 horas na Carris, com serviços mínimos definidos para cerca de dez carreiras.

O Metropolitano de Lisboa opera habitualmente com quatro linhas (Amarela, Verde, Azul e Vermelha), funcionando entre as 06:30 e a 01:00.