Proposta da associação Braga Ciclável motiva consenso alargado entre partidos, apesar de críticas sobre custos e escala
A Assembleia Municipal de Braga vai apresentar uma recomendação à Câmara para a criação de um sistema público de bicicletas partilhadas, na sequência da petição apresentada pela associação Braga Ciclável. A decisão surgiu após uma Conferência de Líderes, convocada na reta final da reunião extraordinária desta sexta-feira, 18 de julho.
A proposta da Braga Ciclável prevê 1.000 bicicletas e 72 estações, e gerou debate intenso entre os vários grupos municipais. Apesar das divergências quanto aos custos e à viabilidade do projeto, os partidos chegaram a um entendimento para votar uma recomendação conjunta na próxima sessão.
Segundo Bruno Machado (Iniciativa Liberal), foi alcançado um “ajustamento unânime entre os grupos municipais” para que a proposta ganhe utilidade política e prática, reforçando o papel da Assembleia neste tema.
Esquerda elogia proposta e pede rede ciclável
A proposta foi amplamente elogiada pelos partidos à esquerda. Alexandre Mano (BE) considerou-a “robusta e coerente”, mas alertou para a falta de “uma infraestrutura ciclável segura e contínua” na cidade.
João Baptista (CDU) defendeu a necessidade de separar fisicamente as vias pedonais das cicláveis, enquanto Tiago Teixeira (PAN) acusou a cidade de “andar a brincar aos estudos” e apelou a decisões concretas. Já João Nogueira (PS) defendeu que o incentivo à bicicleta “é essencial para o futuro da mobilidade”.
Direita pede prudência e estudos prévios
Mais cautelosa, a direita pediu responsabilidade orçamental. Pedro Borges Macedo (PPM) criticou o que chamou de “exigência desmedida”, estimando o custo do sistema acima dos quatro milhões de euros. Gonçalo Pimenta de Castro (CDS-PP) foi mais longe, apontando que “sem estudo económico, os custos reais podem atingir os 10 milhões”.
Braga Ciclável defende viabilidade do projeto
João Forte, representante da Braga Ciclável, respondeu que o projeto está orçamentado em dois milhões de euros, com base em propostas de empresas que operam em Lisboa. Para a associação, o sistema representa um investimento estratégico, alinhado com o Plano Diretor Municipal de 2013 e com padrões internacionais.
“No fundo, é uma medida para reduzir carros, combater a poluição e promover uma cidade mais saudável”, argumentou João Forte, sublinhando que os sistemas de bicicletas partilhadas são uma extensão eficaz dos transportes públicos, aumentando significativamente o alcance das redes existentes.
A recomendação será agora discutida e votada formalmente na próxima reunião da Assembleia Municipal.