A forma como o Facebook tem lidado com os dados pessoais fornecidos pelos utilizadores continua a gerar polémica. Depois do escândalo Cambridge Analytica, em março, ter provado que a empresa de análise de dados usou, de forma indevida, a informação de 87 milhões de utilizadores para influenciar eleições, o jornal norte-americano New York Times descobriu que a empresa de Mark Zuckerberg deu acesso às mensagens do Messenger à Netflix e ao Spotify.

Os responsáveis pela maior rede social do mundo justificaram a cedência de dados a estas duas plataformas com o facto de quererem dar à Netflix a possibilidade de recomendar conteúdos no Facebook e Messenger e permitirem que fosse possível enviar mensagens do Messenger a partir do Spotify. Um argumento que não agradou a antigos funcionários da empresa.

“Não acredito que seja legítimo partilhar dados para parcerias sem que exista informação prévia e consentimento do utilizador. Ninguém deve confiar no Facebook até que mudem o modelo de negócio“, explicou Roger McNamee, um dos primeiros investidores da rede social, ao New York Times.

Ao Spotify, Netflix e Royal Bank of Canada, o Facebook até permitiu que fosse possível ler, escrever e apagar mensagens privadas dos utilizadores. Privilégios que, segundo os registos recolhidos pelo jornal norte-americano, vão muito além do que as empresas precisavam para integrar a rede social nos seus sistemas.

Perante esta polémica, a Netflix veio sublinhar que apenas tinha poder para fazer com que os clientes pudessem recomendar séries e filmes aos amigos.

“Além dessas recomendações, nunca tivemos acesso a mensagens pessoais de ninguém e nunca faríamos isso”, acrescentou um porta-voz da plataforma de streaming.