Artista de Barcelos ganha residência artística de três meses em Nova Iorque

Catarina Real, de Barcelos, foi a artista selecionada pelo Atelier-Museu Júlio Pomar/EGEAC, em parceria com a RU – Residency Unlimited, em Nova Iorque, para um residência artística de três meses naquela instituição de ensino norte-americana.

A iniciativa conjunta daquelas duas instituições proporciona anualmente, a um artista português, ou dupla de artistas, uma residência artística com três meses de duração, nos Estados Unidos, e Catarina Real é a artista selecionada na 7.ª edição desta parceria.

O artista é proposto e selecionado por um júri independente de “reconhecido mérito”, este ano composto por Ana Rito, David Revés, Maria do Mar Fazenda e Sara Antónia Matos, diretora do Atelier-Museu Júlio Pomar.

“As nomeações apresentadas suscitaram um debate de elevada pertinência entre o júri que, nas propostas e escolha final, teve em conta os perfis e percursos dos artistas e a sua adequação a esta residência. Na nomeação de Catarina Real, além da consistência do seu trabalho artístico, foi considerado decisivo o momento da sua carreira para beneficiar do programa e das relações em rede providenciadas pela RU, durante a residência que terá lugar entre setembro, outubro e novembro de 2023”, refere a instituição portuguesa em comunicado.

Respondendo à questão ‘Quais as expetativas em relação a esta residência?’, Catarina Real cita o texto ‘O encontro é uma ferida’, de Fernanda Eugénio e João Fiadeiro, dizendo que irá substituir a sua expectativa pela espera. “E espero cumprir também o resto do enunciado e aproveitar a experiência em Nova Iorque para substituir ‘(…) a certeza pela confiança, a queixa pelo empenho, a acusação pela participação, a rigidez pelo rigor, o escape pela comparência, a competição pela cooperação, a eficiência pela suficiência, o necessário pelo preciso, o condicionamento pela condição, o poder pela força, o abuso pelo uso, a manipulação pelo manuseamento, o descartar pelo reparar’. O que será dizer que sigo com vontade de absorver o que conseguir, estar aberta às realidades que me são distantes e às possibilidades que todos os encontros, todas as feridas, me trarão”.

Iniciada em 2015, esta parceria entre o AMJP e a RU já proporcionou residências em Nova Iorque aos artistas Luísa Jacinto (Edição 6, 2022), Joana da Conceição (Edição 5, 2019/2020), Von Calhau! (Edição 4, 2018/2019), Catarina de Oliveira (Edição 3, 2017/2018), João Marçal (Edição 2, 2016/2017) e André Cepeda (Edição 1, 2015/2016).

Ru – Residency Unlimited é uma estrutura sediada em Nova Iorque, que opera no campo das artes e que promove o intercâmbio entre profissionais, nacionais e internacionais, através dos seus programas exclusivos de residências. Indo além do modelo tradicional de Estúdio, a RU forja parcerias estratégicas com instituições colaboradoras para oferecer residências flexíveis e adaptadas às metas e necessidades individuais de cada artista/curador.

Catarina Real, nascida em 1992, em Barcelos, trabalha na intersecção entre a prática artística e a investigação teórica nos campos expandidos da pintura, escrita e coreografia, maioritariamente em projetos colaborativos de longa duração, que se debruçam sobre o questionamento de como podemos viver melhor coletivamente.

É doutoranda do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho, com uma investigação que cruza arte, amor e capital. Encontra-se em desenvolvimento da Terapia da Cor, prática aplicada entre teoria da cor, arte postal e intuição coreográfica. Encontra-se também no processo de realização do livro de banda desenhada Disco, com José Costa, e do projeto colaborativo, com Maria Bernardino e Sofia Pires, Sintomatologia remanescente e outras observações, com base em terapêuticas experimentais. Mantém uma prática de comentário – nas vertentes de textos de reflexão, textos introdutórios a exposições, entrevistas e moderação de conversas – às obras e processos realizados pelos artistas na sua faixa geracional, com a intenção de contribuir para um ambiente salutar de crítica e criação coletiva e comunitária.

Foi bolseira do Centro Nacional de Cultura em 2022, realizando o livro Sexta-Feira, Alta Tristeza, apresentado no Encontro de Artes Performativas do Ballet Contemporâneo do Norte, com curadoria de Rogério Nuno Costa e Susana Otero. Em 2021, editou Círculo, com Edições da Ruína, FUTURO – TEMPO – PAUSA – PONTO – AMOR – PENSAMENTO – CORPO – IMAGINACAO, inserido no projeto Fund’Arte – Aldeias Criativas, núcleo da Beira Baixa do Programa Arte Pública Fundação EDP, e Manual Fantasma, com José Costa e apoio da Direção Regional de Cultura do Norte. No mesmo ano, assinala a cuidadoria da exposição-viva «Comunidade», na Plataforma Revólver, a participação nas exposições coletivas «Homework 2», na Galeria Madragoa, «Uteropias», Kubik Gallery, «Erro 417», Galeria Municipal do Porto, e nas exposições em duo «Exposição Concentrados» e «Exposições Partilhadas», com David Revés, na Thirdbase Studio, e «THE FALL», com Lorraine Druon, na Galeria do Sol. Em 2022, participou no Ciclo das Amizades com LOVE MAKES US DRUNK; realizou com David Revés o projeto postal Exposições Endereçadas – 60 exposições portáteis enviadas por correio postal e a exposição individual «A MINHA ESQUERDA É A TUA DIREITA», n’A Graciosa.