Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal, PSL, venceu este domingo a segunda volta das presidenciais brasileiras, com 56% dos votos.

Confirmando as sondagens que há muito o davam como favorito, o ultra-direitista Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal, PSL, venceu este domingo a segunda volta das presidenciais brasileiras, com 56% dos votos, de acordo com sondagem de boca de urna do Instituto Ibope divulgada poucos minutos depois do encerramento das urnas. O adversário que passou para a segunda volta com ele, Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores, PT, ficou com 44%, também de acordo com o Ibope. Com esse resultado, o Brasil, que viveu entre 1964 e 1985 sob uma brutal ditadura militar, vai voltar a ser governado por um militarista a partir de 1 de Janeiro. Captão da reserva do Exército, Jair Bolsonaro tem uma postura bem mais agressiva e radical do que todos os presidentes brasileiros eleitos após a redemocratização do Brasil, e prometeu usar essa firmeza para combater, entre outros, a corrupção e a criminalidade. Fernando Haddad, que substituiu Lula da Silva como candidato do Partido dos Trabalhadores após a impugnação do ex-presidente por ter sido condenado e preso por corrupção, vinha num crescendo, ganhando pontos semana a semana em relação a Bolsonaro, e chegou a acreditar na vitória, mas não conseguiu na última hora superar o antagonista. Partidos de esquerda e de centro-esquerda com que Haddad contava para compor uma grande frente democrática e vencer as presidenciais preferiram ficar neutros, e o substituto de Lula ainda foi prejudicado pela elevada rejeição ao antigo presidente e pelo temor de parte dos eleitores de que, elegendo Haddad, o país fosse comandado de facto pelo antigo chefe de Estado a partir da prisão onde cumpre pena.

Quase desconhecido meses atrás, Jair Bolsonaro transformou-se de um momento para o outro num fantástico fenômeno de popularidade, apesar da sua postura agressiva e das suas propostas radicais. Não obstante a apreensão de muitos eleitores em relação ao radicalismo de Bolsonaro, milhões de eleitores optaram por votar nele exactamente porque o ex-capitão do Exército parece ser a grande possibilidade de romper com o sistema vigente há décadas, que mergulhou o Brasil na mais profunda crise econômica da sua história recente e no mar de lama que delapidou milhares de milhões de euros dos cofres públicos em favor de políticos corruptos.