A Deco recebeu 29.350 pedidos de ajuda de famílias em situação de sobre-endividamento, valor que supera os pedidos registados um ano antes e que chegou maioritariamente de pessoas entre os 40 e os 65 anos de idade.
O número de pedidos de ajuda ao Gabinete de Proteção Financeira (GPF) da Associação de Defesa do Consumidor tinha caído em 2017 para os 29 mil, mas voltou a aumentar no ano passado, segundo revelam os dados do GPF, coordenado por Natália Nunes.
50% dos pedidos vieram de pessoas casadas ou em união de facto
Mais de metade (51,2%) destes pedidos foram feitos por parte de pessoas casadas ou em união de facto, mas os dados mostram que estão a aumentar os casos de viúvos, divorciados e solteiros que vêem a sua situação financeira entrar em rutura.
O desemprego continua a liderar a tabela das causas de sobre-endividamento, mas o seu peso, como afirmou à Lusa Natália Nunes, “tem vindo a diminuir ao longo dos tempos”.
Razões: desemprego desce e precariedade sobe
Em contrapartida, “a causa da deterioração das condições laborais subiu bastante face a 2017, passando de 8% para 19%”, o que se deve a situações de precariedade e de baixos salários.
Em declarações à Lusa, a coordenadora do GPF assinalou que “a grande constatação é que as famílias em dificuldades não estão a diminuir e surgem novas dificuldades, novas causas de sobre-endividamento”.
Entre essas novas causas inclui-se o apoio a ascendentes (pais e avós), a descida de rendimento nas reformas antecipadas e o aumento de despesas com saúde, ou seja, causas que têm a ver com rendimentos baixos e que, por esse motivo, acabam por estar relacionadas com o mercado de trabalho, ainda que não de forma direta.
“O aumento dos encargos com a saúde representa já 7% das situações que levam ao sobre-endividamento, o apoio a ascendentes – e estamos a falar de filhos que têm de contribuir para o pagamento dos lares -, são já 3% das situações, e a reforma antecipada representa já 2% das causas”, precisou Natália Nunes.