“Apenas queria fechar os olhos e acordar amanhã com alguém a dizer-me que tudo não passou de um terrível pesadelo”, desabafa o segundo comandante dos Bombeiros de Entre-os-Rios sobre o trágico acidente que esta terça-feira tirou a vida a um bebé de 10 meses e aos seus avós.
José Filipe, segundo comandante dos Bombeiros de Entre-os-Rios, a corporação que esteve envolvida no socorro às vítimas do acidente em Penafiel, utilizou as redes sociais para desabafar sobre a tragédia que tirou a vida a um bebé de 10 meses, ao avô e avó do menino.
O responsável fala de um sentimento de “impotência”, de “revolta”, e “um pouco de saudade”, mesmo não conhecendo o bebé, Dinis, uma das vítimas mortais.
“Nunca sabemos o quanto custa até sentirmos na pele essa trágica experiência, e cada um reage de forma diferente, e esta é minha forma de reagir a uma morte de alguém que não merecia este desfecho e que apesar de eu não conhecer, deixou marcas para toda a vida”, começa por desabafar.
“Somos feitos de carne, mas nestas alturas temos de agir como se fôssemos de ferro”, continua, lembrando que o problema “é que na realidade ninguém é feito de ferro”.
“E hoje, eu apenas queria fechar os olhos e acordar amanhã com alguém a dizer-me que tudo não passou de um terrível pesadelo”, diz.
José Filipe afirma ainda que a vida de bombeiro é “muito ingrata”. “E começam a ser muitas as ‘histórias’ que começo a guardar sobre a perda de vida de crianças”.
O responsável termina com palavras dirigidas ao bebé Dinis, assegurando jamais o esquecer. “Acredita que és mais um daqueles que jamais será esquecido nesta vida que decidi enveredar quando tinha apenas 13 anos”, escreveu.
Numa publicação anterior, o bombeiro já tinha desabafado sobre o “sentimento de impotência que nos corrói por dentro”. “Sentimento de impotência, de revolta, sentimento de impotência que nos queima por dentro, que nos consome devagarinho (…) Acreditem que não existe treino para isto”, sublinhou.