Guerreiros continuam imbatíveis sob o comando de Rúben Amorim. Vitória no Estádio da Luz 65 anos depois.
Triunfo do SC Braga por 1-0 no Estádio da Luz, frente ao SL Benfica, em jogo da 21.ª jornada da I Liga.
Um golo solitário de Palhinha em cima do intervalo garantiu à equipa de Rúben Amorim os três pontos.
Mesmo com o crescimento do SC Braga, que consolidou o estatuto de quarto grande do futebol português, os arsenalistas têm sentido inúmeras dificuldades no terreno do Benfica para o campeonato. As últimas seis deslocações resultaram em seis derrotas, nos derradeiros 11 encontros na Luz, apenas um empate.
Mas Rúben Amorim estava determinado a provar que a estatística não ganha jogos. Com problemas no centro da defesa, o jovem técnico apostou em David Carmo para jogar ao lado de Raul Silva e Wallace para a defesa a três. Já Lage, sem André Almeida, lançou Tomás Tavares na direita, fez regressar Weigl no meio e apostou em Cervi na ala esquerda.
A equipa do Benfica estava desejosa de esquecer os dois jogos consecutivos sem vencer (derrota 3-2 no Dragão e empate 1-1 em Famalicão que valeu o apuramento para a final da Taça de Portugal). Mas para isso seria preciso um grande Benfica, como Lage pediu na conferência de imprensa, para fazer frente a uns ‘guerreiros’ que cresceram e muito com Rúben Amorim, técnico que apenas não venceu na derradeira jornada, quando empatou frente ao Gil Vicente (oito jogos, sete vitórias, um empate, sendo que cinco das vitórias são contra os três grandes. Pelo meio, duas vitórias frente ao FC Porto (no Dragão para a Liga e na final da Taça da Liga) e dois triunfos ante o Sporting (Liga e Taça da Liga).
Braga com mais bola, Benfica mais perigoso
A construção a três pelo SC Braga, pelos centrais, com os extremos em zonas interiores e os laterais abertos a dar largura e profundidade, confundia o Benfica. Os campeões nacionais tinham dificuldade em ter bola e quando a ganhavam, tinham muita pressa em chegar à baliza de Matheus. Aos quatro minutos David Carmo, titular esta noite, perdeu a bola para Rafa que correu para a área e rematou ao lado. Aos foi Wallace a perder para Cervi mas o extremo rematou fraco e ao lado quando já estava pressionado. No minuto anterior, tinha sido Vinicius a rematar às malhas laterais, depois de passar pelo guarda-redes, após belo passe de Matheus.
O Braga tinha mais bola mas estava a falhar na definição. Mas este era um jogo para ‘homens de barba rija’, tal a intensidade colocada na disputa dos lances meio-campo. O árbitro Hugo Miguel teve de puxar do amarelo algumas vezes para punir jogadas onde a agressividade ia para lá do permitido.
Nos instantes finais da primeira parte apareceu o golo do Braga. Primeiro, aos 45 minutos, Odysseas negou o golo a Fransérgio com uma defesa fantástica, após canto. Na sequência do canto, Palhinha ganhou a Ferro e fez o 1-0, de cabeça.
Matheus e Odysseas ao poder
O Benfica voltou bem do intervalo. Logo aos 49 minutos, Vinícius atirou uma ‘bomba’ ao poste. Aos 59, nova grande oportunidade para a equipa ‘encarnada’ mas Rafa optou por servir Vinícius em vez do rematar. Esgaio aparece a cortar na hora certa. O Benfica crescia, criava perigo, os adeptos desesperavam nas bancadas. Aos 68 minutos é Matheus, com uma defesa fantástica, a evitar o empate. Grande jogada de Pizzi, a driblar entre os adversários e a rematar em zona frontal, o guarda-redes do Braga negou o empate.
Por esta altura já Lage tinha ao banco trocar Cervi por Seferovic, impondo assim mais presença na área. Rúben Amorim tinha trocado o apagado Galeo por Trincão. O Braga tinha mais dificuldades em sair, apesar do enorme espaço dado pelo Benfica. Das vezes que chegou na área, faltou melhor definição. O Benfica também estava intranquilo e isso via-se nalgumas perdas de bola a meio-campo.
A segunda parte prometia ser dos guarda-redes. Se de um lado Matheus ia desesperando os jogadores e adeptos ‘encarnados’, do outro era Odysseas a manter o Benfica vivo. Encaixou com segurança um remate de Paulinho aos 65. Aos 77 volta a negar o golo aos minhotos, num remate de Ricardo Horta. Fantástica defesa do guarda-redes grego, a defender para canto.
Nos últimos dez minutos, Lage forçou ainda mais na frente, trocando Weigl por Chiquinho e depois Tomás Tavares por Dyego Sousa, ficando com três pontas de lança em campo. Ruben Amorim refrescou a frente, com a saída de André Horta,que deu o seu lugar a irmão, André Horta.
Nos derradeiros minutos o Benfica tentou o jogo direto para tentar o empate mas sem sucesso.
Este é o terceiro jogo seguido sem vencer do Benfica, a segunda derrota consecutiva no campeonato. Se o FC Porto vencer o Vitória de Guimarães, ficará a apenas um ponto da liderança ‘encarnada’. Já o Braga ultrapassa o Sporting e sobe ao terceiro posto, lugar que os ‘leões’ poderão recuperar se vencerem o Rio Ave.
Declarações do treinador do Sp. Braga, Rúben Amorim, na conferência de imprensa após a vitória frente ao Benfica, por 1-0, em jogo da 21.ª jornada da Liga:
[O que teve esta vitória, estrelinha ou algo mais?] «Para vencer estes clubes e estas equipas várias vezes é preciso algo mais que estrelinha. Tivemos em alguns momentos, sim, mas o Benfica também teve. O Benfica percebeu muito bem o nosso sistema, estava muito bem preparado, mas conseguimos adaptar-nos. O mérito é dos jogadores e dos adjuntos que trabalham as bolas paradas, vencemos aqui e no Dragão com bolas paradas. E quero realçar a maturidade da equipa do Sp. Braga, soube sofrer e soube ter a bola.»
[Que fragilidades é que antecipava no Benfica e se se confirmaram?] «É uma equipa ofensiva que deixa espaços nas costas, na segunda parte tivemos várias bolas em que tínhamos superioridade no ataque e foi por aí que tentámos matar o jogo. Mas como disse o Benfica soube perceber onde tínhamos espaço e tentámos fazer a nossa parte. O Benfica fez um grande jogo, que só deu ainda mais mérito ao Sp. Braga.»
Declarações do treinador do Benfica, Bruno Lage, na conferência de imprensa após a derrota frente ao Sp. Braga, por 1-0, em jogo da 21.ª jornada da Liga:
[Teme que possa perder o título, tal como aconteceu ao FC Porto no ano passado?] «Não. Há duas coisas que são muito importantes. O Rúben Amorim esteve aqui e disse uma grande verdade. Há momentos bons e menos bons, mas há coisas fundamentais: a nossa qualidade de jogo e o facto de estarmos habituados a esta pressão, eu próprio coloquei pressão na equipa hoje e fizemos uma grande exibição. Tudo o que são receios, preocupações, temos de deixar tudo para trás, enfrentar o próximo jogo de frente, essa é a minha mentalidade, é jogar para o ataque. Queremos andar para a frente e é com esta mentalidade que vamos chegar ao final do campeonato nesta posição.»
[Jogadores podem acusar pressão a nível mental depois destas derrotas?] «Há uma grande diferença entre as grandes e as outras equipas: a diferença é essa, a responsabilidade de representar este clube, independentemente dos resultados, no jogo seguinte tenho de estar a top. O ano passado vencemos o jogo no Dragão e a seguir empatámos com o Belenenses, mas partimos para uma sequência de resultados muito bons. A resposta de hoje vai nesse sentido. Triste por termos perdido, mas fruto do nosso trabalho,.
João Palhinha, autor do golo da vitória do Sporting de Braga frente ao Benfica na Luz (0-1), em declarações na flash interview da BTV:
«Foi uma vitória justa, já merecíamos fazer o pleno frente aos três grandes há algum tempo. A vitória é merecida e isto é de toda a equipa e dos adeptos que nos apoiaram aqui. Estamos muito satisfeitos, queremos usufruir para já desta vitória, para depois pensar na Liga Europa.
Nunca é fácil jogar contra o Benfica, que tem uma grande equipa. Sabia que elem vinha para cima de nós com tudo na segunda parte, tivemos menos bola mas conseguimos manter a estabilidade e sair por cima no final.»
Veja aqui os melhores momentos da paratida desta tarde, onde o SC Braga venceu o Benfica 65 anos depois.