No próximo sábado, às 21h30, a primeira voz alguma vez ouvida nos palcos do Centro Cultural Vila Flor vai fazer-se ouvir novamente no mesmo local num reencontro que acontece 15 anos passados. Falamos da inconfundível voz de Teresa Salgueiro, que a 12 de setembro de 2020 regressa ao mesmo palco que inaugurou no ano de 2005, agora num concerto especial em que conta com a cumplicidade da Orquestra de Guimarães nascida do processo de crescimento artístico decorrido ao longo deste arco temporal no território. Muito mudou e muito se mantém, como a singularidade e excelência de uma voz que arrebatou muitas plateias e geografias e a missão e dedicação deste espaço para com as artes e a cultura de um território e deste para o mundo. Neste mesmo dia, que assinala especialmente o aniversário do CCVF, terá igualmente lugar a inauguração da exposição Observatório Natural nos seus jardins, que a partir das 18h00 se transformam num observatório da biodiversidade urbana de Guimarães, numa parceria que junta Câmara Municipal de Guimarães, Fundação de Serralves, A Oficina e Laboratório da Paisagem. Tudo acontece no próximo dia 12 de setembro, com entrada gratuita e em segurança, marcando os 15 anos do Centro Cultural Vila Flor.
O dia 12 de setembro assinala especialmente o aniversário do Centro Cultural Vila Flor com a exposição Observatório Natural a inaugurar às 18h00 nos seus jardins que se transformam num observatório da biodiversidade de Guimarães, nesta que é uma parceria que junta Câmara Municipal de Guimarães, Fundação de Serralves, A Oficina e Laboratório da Paisagem. Do contexto urbano, onde ganham real preponderância as áreas verdes e azuis, com uma relação direta com a escala humana, aos espaços florestais, onde a riqueza faunística e florística nos impressiona. As imagens em exposição, captadas pelo fotógrafo Jorge Sarmento, retratam diferentes espécies de fauna e flora encontradas em locais como a Montanha da Penha, o Parque da Cidade, a Veiga de Creixomil, entre outros, mostrando diferentes espécies da fauna e da flora da região. Uma exposição para todas as idades que fica patente até 1 de dezembro.
No mesmo dia 12, a partir das 21h30, a voz que inaugurou o CCVF regressa ao mesmo palco para novo momento singular, quinze anos após a abertura deste espaço cultural, agora acompanhada pela Orquestra de Guimarães. Teresa Salgueiro volta a pisar as tábuas que ainda reconhecerão os seus passos, com a sua presença marcante e delicada, e celebra-se assim a afirmação de um equipamento que transformou para sempre a paisagem cultural do concelho e do país, através da apresentação de um repertório escolhido por Teresa Salgueiro, centrado em temas da sua autoria e outros de importante repertório nacional, orquestrado para a sublime voz da cantora e cujos arranjos foram escritos por Pedro Lima. Um resgate de memória identitária que se vira ao futuro e sustenta simbolicamente o empoderamento cultural de Guimarães assente no binómio material vs. imaterial, de resto todo um legado com méritos muito alargados.
Teresa Salgueiro é, sem dúvida, uma figura artística ímpar no nosso país e, desde há quase três décadas, constitui uma imagem emblemática de Portugal no mundo. O seu percurso na música inicia-se em 1986 quando, com apenas 17 anos, é convidada para integrar a fundação do grupo Madredeus, gravando 9 discos de música original, criada especificamente para a sua voz. Entre 1987 e 2007, vinte anos de viagem e mais de cinco milhões de álbuns vendidos em todo o mundo tornaram-nos nos primeiros representantes internacionais da música feita em Portugal depois de Amália Rodrigues. E, Teresa Salgueiro, com a sua presença discreta e delicada e a sua voz extraordinária, foi a “figura de proa” dessa nau musical. Convites de nomes tão distintos como José Carreras, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Carlos Núnez, Angelo Branduardi ou Zbigniew Preisner reconheceram Teresa como uma das grandes cantoras contemporâneas.
Teresa começava assim a esboçar os passos seguintes do seu percurso, aventurando-se com gravações e concertos em que colaborou com artistas distintos de diversas nacionalidades. Em 2011, retira-se para o Convento da Arrábida, onde grava o disco no qual assume a produção, bem como a direção musical e a escrita da música e letras. Com O Mistério prossegue a sua ininterrupta viagem à volta do mundo, tocando nas mais importantes salas para plateias que acorrem com entusiasmo e curiosidade ao reencontro com esta voz que escutam com paixão há tantos anos. O Horizonte, o seu mais recente álbum autoral, é a afirmação da sua faceta de compositora e letrista, expressa na criação e interpretação de um repertório original.
A Orquestra de Guimarães, que aqui se reúne em palco com a cantora portuguesa, é um projeto cultural criado pela Câmara Municipal que se apresenta como um projeto ambicioso e singular, pretendendo, com base na excelência, integrar e potenciar o talento de artistas da região, proporcionando-lhes o contacto com a prática musical orquestral sinfónica. Baseado nos fortes laços criados entre a comunidade e as artes performativas, este projeto visa a criação de uma rede artística de excelência, salvaguardando assim dois fatores fundamentais para o sucesso do projeto: a sustentabilidade e a estabilidade.
Muito há para construir no Centro Cultural Vila Flor, neste equipamento cultural vivo, com funcionamento regular e projeto próprio, de âmbito geográfico regional, nacional e internacional, que assume a missão de cocriar, programar e produzir atividades culturais no domínio das artes do espetáculo, numa natureza de ação designada de serviço público que assume uma grande amplitude e diversificação, trabalhando as várias disciplinas artísticas de forma permanente, com abertura a linhas estéticas muito plurais. Inaugurada a 17 de setembro de 2005, trata-se de um dos pontos centrais da cultura em Guimarães e da atividade d’A Oficina em particular – cooperativa vimaranense dedicada às artes e à cultura com a responsabilidade de gestão e programação de vários equipamentos culturais na cidade berço –, que aqui promove a generalidade dos festivais – como GUIdance, Westway LAB, Festivais Gil Vicente, Manta, Guimarães Jazz – e a programação regular ao longo do ano – contemporânea, internacional e com um foco na nova criação. Dois auditórios, por onde passam sobretudo propostas de teatro e dança contemporânea (para além da música e outras formas artísticas), um Café Concerto, que é palco para a música, e os sempre convidativos jardins que dão nova vida à antiga quinta do Palácio Vila Flor, edifício do século XVIII que é também lugar para momentos expositivos no âmbito das artes visuais.