Turol reduziu lotação para 20% e aboliu pista comum, criando espaços individuais junto a cada mesa. Artistas estão sem trabalho.
A Turol Club, uma danceteria em Albergaria-a-Velha, defende que é possível continuar a dançar em segurança durante a pandemia. E desenvolveu uma estratégia para que os casais possam bailar sem interagir com outros clientes, em espaços individuais junto às mesas.
Desde que reabriu, no verão, o estabelecimento de diversão, que também serve comida, trabalha com “20% de lotação”, para poder ter as mesas “com mais de dois metros de distância”, explicou o proprietário, José Almeida, que no sábado à noite festejou os 20 anos da Turol.
Para entrar é preciso medir a temperatura e desinfetar as mãos, só se pode andar com máscara e em circuitos assinalados. A pista comum foi abolida. Cada mesa tem um espaço delimitado no chão onde os ocupantes, que têm de chegar juntos, podem estar sentados ou a dançar, uma espécie de “condomínio” que “permite o distanciamento social previsto na lei” em relação às pessoas que ocupam as outras mesas, diz José Almeida, sublinhando que “não se pode conviver com outros clientes nem trocar de parceiro de dança”. Os artistas dispõem de nove camarins individuais e há uma sala de confinamento.
Ainda assim, e porque o decreto-lei 28-B/2020 prevê a suspensão de estabelecimentos que “disponham de espaços destinados a dança ou onde habitualmente se dance”, a GNR desloca-se ao local sempre que abre portas. José Almeida assegura que “ainda não chegaram coimas”, mas, se se confirmarem, pretende “contesta-las”. Considera que o que o espírito da lei pretende proibir “é que as pessoas se misturem numa pista de dança comum”, mas “na Turol dançam afastados sem perigo”, pelo que deve poder manter a atividade. “Um casal que coabita, dançar afastado dois metros de outro ou estar sentado, tem o mesmo efeito”, defende.
Artistas sem trabalho
Os artistas convidados para atuar no aniversário da danceteria esperam que estabelecimentos como a Turol possam manter as portas abertas e assegurar-lhes trabalho. “Este parceiro tem condições de segurança e pode dar-me trabalho, se o Governo nos deixar trabalhar”, disse o músico Paulo Ribeiro, adiantando que, dos 90 espetáculos que tinha na agenda em março, realizou quatro.
Marante tinha à volta de 80, em diversos países, mas foram “adiados ou cancelados”. Já José Malhoa, viu cair por terra 63 espetáculos, deixando-o “sem trabalho”. O impacto da covid-19 fez-se sentir, ainda, sublinhou Nelo Silva, que faz duo com Cristiana, junto das “pessoas que estão atrás do palco, no som e luz”.
Quando a Turol encerrou, foi “muito complicado” para Albano Sampaio, 76 anos. “Usava isto não só como divertimento, mas uma terapia para fazer movimentos e ginástica. Quando fechou, engordei quatro quilos”. “Faz bem à mente”, acrescenta a mulher, 69 anos. Assim que reabriu, retomaram as saídas. “Não há convívio nem podemos estar em grupo, mas sentimo-nos seguros com as medidas criadas”, explica Albano.
IN “JN”