Morreu a Fernandinha da fruta, ícone da cidade Guimarães

Guimarães, 09/01/2020 - Maria Fernanda Teixeira, “Fernandinha” para os mais próximos, é a dona de uma frutaria antiga do Centro Histórico de Guimarães. Ela tem 90 anos e vende fruta de banca numa casa em pleno circuito dos grupos de turistas que passam em excursões. Fotografada para a rúbrica Protagonista. (Miguel Pereira/Global Imagens)

A cidade de Guimarães perdeu um dos seus rostos mais icónicos. Maria Fernanda Teixeira, a mulher com uma banca de fruta no Centro Histórico que fazia a delícia dos turistas, morreu aos 91 anos.

“Fernandinha da fruta”, como era conhecida por amigos e vizinhos, tinha banca na Rua de Santa Maria, na passagem do circuito turístico do Centro Histórico de Guimarães, classificado pela UNESCO como Património da Humanidade. Ali nasceu, a 1 de junho de 1929, viveu toda a vida ao longo de 91 anos e morreu, agora, de doença prolongada.

Não havia turista que passasse na Rua de Santa Maria e lhe ficasse indiferente. Falavam com ela, abraçavam-na e tiravam fotografias. Há um ano, em entrevista ao JN, a própria ironizava com o assunto: “Às vezes falam para mim e não percebo nada, mas tiram sempre fotografias, até já tenho a cara rompida de tantas fotografias”.

Da China ao Brasil, de Cabo Verde à Austrália, passando por quase todos os países da Europa, aquela vimaranense já foi fotografada por turistas de praticamente todas as nacionalidades. A banca simples, mas sempre colorida e a brotar de vida, também ajudava a compor as cores de uma fotografia social.

Fernandinha testemunhou como poucos o processo de reabilitação e transformação do Centro Histórico de Guimarães, culminando na elevação a Património da Humanidade, em 2001, de que a vimaranense também fazia parte. Ela própria tornou-se um ícone da cidade que considerava ser “a mais bonita do Mundo”. Afinal, como sublinhou várias vezes a UNESCO, o maior património dos locais classificados são as suas gentes.

Ao longo de 91 anos de vida, a vimaranense esteve sempre ligada à tradicional Ceia de São Crispim, conhecida como a “consoada dos pobres”. Fernandinha voluntariava-se para cozinhar a refeição que alimentava os necessitados e os sem-abrigo na véspera de Natal.