O concurso para a contratação de 459 especialistas em medicina geral e familiar deixou 168 vagas por preencher, confirmou hoje a ministra da Saúde, que reconheceu um “padrão diferente” na distribuição pelo território nacional.
“Abrimos 459 vagas para esta fase de concurso de colocação de especialista de medicina geral e familiar e foram preenchidas 291. Verificamos um padrão diferente no país: no Norte, todas as vagas preenchidas; no Centro, seis vagas que não ficaram preenchidas; em Lisboa e Vale do Tejo, metade das vagas que não são preenchidas; e Alentejo e Algarve, um padrão de alguma forma semelhante”, disse Marta Temido à SIC, notando que os contratos estão assinados.
Segundo a governante, as assimetrias regionais evidenciadas pelo concurso devem-se a “um padrão de formação dos especialistas que é concentrado na região Norte” e também à maior concentração de unidades de saúde familiar no Norte.
Questionada sobre a situação de pressão do Serviço Nacional de Saúde (SNS), expressa na realização nos primeiros seis meses do ano em mais de 11,5 milhões de horas extraordinárias, Marta Temido apontou para a necessidade cada vez maior de utilização de cuidados de saúde, considerando ser “uma tendência que não se vai inverter”, mas recusou que a solução passe somente pela contratação de mais profissionais.
“Não é esse o nosso caminho. Poderemos ter de fazer essa opção excecional e temporária. O objetivo é ter um SNS estável, forte, atraente para quem nele queira trabalhar e, portanto, isso envolve melhoria das condições de trabalho e é esse o desafio que vamos continuar a tentar agarrar com as duas mãos”, finalizou.
Já na terça-feira, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Lacerda Sales, sublinhou que o “Governo tem feito um grande esforço naquilo que é o reforço de recursos humanos [na saúde]”.
“Em 2015, estávamos como 1,3 milhões de pessoas sem médico de família. Depois, já no meio do ano de 2020, estávamos com cerca de 750 mil pessoas. Agora, reconhecidamente, piorámos cerca de 200 mil pessoas e estamos com cerca de 950 mil pessoas, mais ou menos, sem médico de família. Por isso, temos de fazer um esforço ao nível dos cuidados de saúde primários para melhorarmos esta cobertura”, explicou.