Centenas de agricultores protestaram na manhã desta quinta-feira em Braga, no dia em que se iniciou a AGRO, por mais apoios face a uma situação que dizem ser de sufoco.

Em declarações ao Porto Canal a Confederação Nacional de Agricultores, explicou que os agricultores pedem “medidas extraordinárias e rápidas ao Governo” para continuarem a garantir o abastecimento da nossa população. Muitos produtores temem não ter capacidade para continuar a avançar com as produções deste ano devido a todos os aumentos que têm suportado.

Numa manifestação convocada pela Associação de Produtores de Leite e Carne (APCL) em conjunto com a Confederação Nacional De Agricultores /CNA), a propósito da abertura da Feira Internacional de Agricultura, Pecuária e Alimentação (AGRO), centenas de agricultores exigem do Governo “medidas urgentes e fundamentais”.

“Exigimos que o Governo dote a Autoridade da Concorrência dos meios necessários para que esta garanta condições de concorrência leal e justa. Queremos também apelar ao próximo Governo que lute contra o fim das quotas leiteiras, a nível da União Europeia, pois a acontecer, será a nossa destruição”, disse o presidente da APCL, José Lobato.

“Prova” das dificuldades que os agricultores, nomeadamente os produtores de leite e de carne, atravessam é o “número assustador” de explorações que fecharam nos últimos anos.

“Em cerca de dez anos, passámos de 80 mil explorações leiteiras para oito mil. Mas também os produtores de carne estão a sofrer. Há dez anos eram cerca de 100 mil, hoje não passam as 45 mil”, enumerou José Lobato.

Com a manifestação de hoje, esclareceu o responsável da APCL, os agricultores pretendem “demonstrar o descontentamento pelas políticas agrícolas desajustadas dos nossos governantes e da União Europeia”.

Assim como “alertar a opinião pública para as dificuldades que este sector atravessa”.

Para José Lobato, “é incompreensível que um pais com um défice alimentar como o que Portugal tem não haja um Governo que assuma uma posição firme na defesa da produção nacional”.

Para os agricultores que marcham avenida abaixo em Braga “é a sobrevivência do sector que está em causa”. Lúcia Gil, produtora de leite, 69 anos, deixou o aviso: “Ou isto muda, ou morremos de fome”.

Para esta agricultora “o sector enfrenta um drama difícil de viver. Há 10 anos tirava-se 800 contos da produção de leite. Hoje não se tira 100”.

“Eu consegui criar a minha filha com o que ganhava do leite e da carne. Mas ela não consegue criar as dela e isto é incompreensível”, explicou.

Entre as reivindicações destes agricultores está ainda a exigência de “apoios a fundo perdido para o licenciamento das Explorações Pecuárias e o reforço das verbas para as Organizações de Produtores Pecuários”, enumerou José Lobato.