Os desafios para a democracia representativa de novas tecnologias, da inteligência artificial e da cibersegurança vão ser debatidos hoje e sábado numa conferência na Assembleia da República, que conta com vários participantes europeus.
“Literacia digital: por que motivo é importante para a democracia representativa” é o mote desta conferência na qual os participantes vão abordar temas como a inteligência artificial, a cibersegurança ou a forma como “os parlamentos usam o digital para chegar a mais cidadãos ou como é que podem usar para chegar a mais instituições”, detalhou à Lusa o deputado socialista Alexandre Quintanilha.
Os painéis terão temas variados, entre eles, “o papel dos parlamentos na promoção da literacia digital, democrática e participativa, incluindo o contacto com a juventude”, a possibilidade de aumentar a participação cívica através da tecnologia ou os desafios para a democracia da inteligência artificial.
Esta conferência surgiu após um desafio lançado no ano passado ao deputado do PS Alexandre Quintanilha, que foi a Atenas, capital da Grécia, a uma conferência sobre novas tecnologias digitais, “com a participação de cinco ou seis parlamentos europeus”.
O objetivo, explicou, era perceber o que é que estes diferentes parlamentos estavam a fazer no âmbito da utilização das novas tecnologias digitais “para desenvolver as atividades parlamentares, ou para as simplificar, para chegar a mais pessoas ou para usar aquilo que é uma ferramenta muito poderosa, para o benefício do trabalho parlamentar”.
Após esta primeira conferência, Alexandre Quintanilha sugeriu que o segundo encontro fosse realizado em Portugal, o que vai acontecer hoje e sábado, coorganizado pela Assembleia da República, a Fundação do Parlamento Helénico, o Parlamento Europeu, a Câmara dos Representantes de Chipre, o Parlamento da Estónia, pela Câmara dos Deputados de Itália, o Congresso dos Deputados de Espanha, e os parlamentos da Áustria e do Reino Unido.
Sobre o tema da inteligência artificial, Alexandre Quintanilha salientou os avanços da China e dos Estados Unidos da América nesta matéria, realçando que “a Europa tem uma posição mais sensata, mais cuidado na forma como se avança mas há o perigo” de ficar para trás.
Um dos desafios que o deputado pretende debater nesta conferência é a possibilidade da criação de uma “estrutura europeia de inteligência artificial” para investigação e inovação, “com princípios éticos muito sólidos” para que a Europa “não fique refém do que se está a passar lá fora” arriscando-se a “perder o barco”.
O deputado socialista salientou que a inteligência artificial “é uma ferramenta poderosíssima e como todas as ferramentas poderosíssimas, pode ser usada para fazer o bem, como o mal”.
A conferência arranca hoje com uma sessão de abertura na qual vai intervir o deputado Alexandre Quintanilha bem como a eurodeputada socialista Maria Manuel Leitão Marques, e ainda Evanthis Hatzivassiliou, professor de História Contemporânea em Atenas, na Grécia.
O presidente do parlamento português, Augusto Santos Silva, fará uma intervenção de boas-vindas.
No sábado, no encerramento, vão participar o secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo e ainda a eurodeputada social-democrata Maria da Graça Carvalho, entre outras entidades.