A economia portuguesa vai crescer 2,7% este ano e 2,4% em 2024, prevê o Banco de Portugal (BdP), que reviu hoje em altas das projeções para o PIB, salientando o desempenho acima do esperado no primeiro trimestre.

No “Boletim Económico” de julho, apresentado hoje, em Lisboa, pelo governador do supervisor bancário, Mário Centeno, as projeções para o crescimento da atividade foram melhoradas face aos 1,8% para este ano e 2% para 2024 e 2025 esperados em março.

“A economia portuguesa deverá crescer 2,7% em 2023, 2,4% em 2024 e 2,3% em 2025”, pode ler-se no relatório.

O regulador está, assim, mais otimista do que o Governo, que prevê um crescimento de 1,8% este ano e de 2% em 2024.

O BdP assinala que, após a recuperação do choque pandémico, o Produto Interno Bruto (PIB) situou-se no início de 2023 5,4% acima do nível de 2019 e que espera um crescimento “robusto e superior ao da área do euro” no horizonte de projeção.

A revisão em alta para este ano é em parte explicada por uma expansão do PIB acima do esperado no primeiro trimestre (1,6% em cadeia), impulsionada sobretudo pelas exportações.

Apesar de esperar um abrandamento desse desempenho ao longo do ano, o BdP salienta que os indicadores disponíveis apontam para que a atividade continue a expandir-se, com variações em cadeia de 0,3% no segundo trimestre e de 0,5% nos dois trimestres seguintes.

“No caso da procura interna, esta revisão é favorecida por perspetivas de maior crescimento do rendimento disponível real, com a manutenção de dinamismo no mercado de trabalho, enquanto no caso das exportações reflete ganhos de quota adicionais nos serviços, em linha com a evolução recente”, explica.

A instituição liderada por Mário Centeno prevê agora um aumento das exportações de 7,8% este ano e de 4,2% em 2024, contra 4,7% e 3,7%, respetivamente, previstos em março.

“Em 2024-25, o ritmo de crescimento das exportações de turismo reduz-se, mas mantém-se superior ao da procura externa de bens e serviços. As exportações de bens desaceleram para 2,8% em 2023 (5,1% em 2022), o que reflete o abrandamento da procura externa”, antevê.

Também o crescimento do consumo privado foi revisto em alta para 1,6% este ano e 1,7% em 2024 (anteriormente apontava para 0,3% e 1%, respetivamente) e da procura interna para 1,1% em 2023 e 2,4% em 2024 (contra 0,8% e 1,8%, anteriormente).

Já o investimento abranda para 3,1% em 2023, “condicionado pela maior restritividade da política monetária, com o consequente agravamento dos custos de financiamento”.

O banco central considera que o investimento em habitação será o mais afetado pelas condições financeiras mais desfavoráveis, que têm também um impacto negativo no investimento empresarial, “que é reforçado pela incerteza relativamente elevada”.

Por outro lado, espera “um forte impulso em 2023” do investimento público (25%), seguido de uma desaceleração para 7% nos anos seguintes.

No mercado de trabalho prevê que se mantenha “a pressão da procura face à oferta” e que a taxa de desemprego deverá fixar-se em 6,8% este ano e 6,7% em 2024 e 2025.

“A margem reduzida de recursos disponíveis no mercado de trabalho e a inflação elevada contribuem para uma aceleração das remunerações por trabalhador em 2023 (de 6,1% para 7,2%), projetando-se um abrandamento gradual para 3,8% em 2025”, prevê.