A adesão à greve dos farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde, que termina hoje, ronda os 90% de adesão, um valor idêntico ao registado nos outros dois dias de paralisação, disse à Lusa um dirigente sindical.
O presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, Henrique Reguengo, adiantou que os dados estão dentro do esperado, porque “não há motivos para que os farmacêuticos tenham outra atitude que não seja de aderir a uma greve que procura chamar a atenção do Governo para a situação dos farmacêuticos no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
Questionado sobre os serviços afetados pela greve, o dirigente sindical explicou que os farmacêuticos estão em três especialidades: farmácia hospitalar, análises clínicas e genética humana, que são transversais a todos os serviços clínicos.
“Não há serviço clínico num hospital que não utilize medicação, que não utilize análises clínicas, que não utilize testes genéticos e, portanto, quando nós, que estamos na base de tudo isso, paramos, é óbvio que todo o serviço do hospital é afetado e não conseguirá nunca funcionar de um modo normal”, vincou.
Para Henrique Reguengo, “o grande problema para os farmacêuticos” é que são poucos e trabalham “na segunda linha”.
“Somos invisíveis, normalmente. Eu costumo dizer que as pessoas podem vir a um hospital serem tratadas, saírem bem, e isso ter sido feito sempre com farmacêuticos a trabalharem em prol da sua saúde e nunca se terem sequer apercebido disso. Portanto, infelizmente, é fácil ao poder político às vezes ignorar-nos”, disse.
O sindicalista alertou que, se a situação não se alterar, “o Serviço Nacional de Saúde vai acabar por ficar sem farmacêuticos” e toda a estrutura vai ficar em causa, algo que “o Governo teima em ignorar”.
O líder sindical disse que o Governo não fez qualquer contacto com o sindicato durante os três dias de greve e manifestou esperança de que, “quando for chamado à razão, não seja tarde demais”.
“Infelizmente, o Governo continua a comportar-se connosco no modo incompreensível”.
Ao longo destes meses, o sindicato tem tido algumas reuniões como o Governo, mas, segundo Henrique Reguengo, os encontros são em vão.
“O problema é que o Governo se recusa a pôr em cima da mesa o que é necessário discutir. Quer apenas discutir os problemas que dizem respeito unicamente ao Ministério da Saúde e recusa-se a chamar para a mesa das negociações, quer o Ministério das Finanças, quer a administração pública e, portanto, esvazia completamente qualquer possibilidade de negociação”, lamentou Henrique Reguengo.
A valorização da profissão, com a consequente revisão e atualização das grelhas salariais face às habilitações académicas e profissionais, a contagem integral do tempo de serviço no SNS para efeitos de promoção e progressão na carreira e a vinculação efetiva dos farmacêuticos a exercer nos serviços públicos com contratos precários são algumas das reivindicações dos profissionais.