O novo ministro grego das migrações, Dimitris Kairidis, considerou hoje “inconcebível” uma eventual retirada da agência de fronteiras da União Europeia (UE), Frontex, da Grécia, que criticou Atenas pelo naufrágio de uma embarcação com migrantes em meados de junho.
“Considero inconcebível que a Frontex saia do nosso país, não posso imaginar que disparem um tiro no próprio pé”, declarou o ministro durante uma entrevista na segunda-feira à televisão pública ERT.
Dimitris Kairidis afirmou ter tomado conhecimento do resultado de uma reunião do conselho da Frontex que decorreu após a tragédia que envolveu uma embarcação com centenas de migrantes no passado mês de junho, e na qual foi discutida a presença da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira na Grécia.
Um velho e precário barco de pesca sobrelotado proveniente da Líbia naufragou ao largo da Grécia na noite de 13 para 14 de junho, provocando pelo menos 82 mortos e centenas de desaparecidos.
Dias mais tarde, em 24 de junho, a Frontex afirmou que Atenas tinha ignorado uma oferta de ajuda suplementar, após ter alertado as autoridades gregas e vigiado o navio durante dez minutos no dia da tragédia.
“Desejamos uma boa cooperação (…). Levo as críticas muito a sério”, assegurou Kairidis, professor de relações internacionais, que prevê reunir-se com representantes da Frontex, organismo com sede em Varsóvia, nos próximos dias.
Os sobreviventes do naufrágio acusaram a guarda costeira grega de ter provocado o acidente ao tentar rebocar o navio para o afastar da costa, uma acusação negada pelas autoridades helénicas.
“Ninguém sabe o que se passou”, declarou o ministro, que definiu de “injustas” as críticas dirigidas à Grécia.
O ministro declarou que a Grécia defende a conclusão de acordos para um regresso seguro dos barcos em direção às costas líbias, com o objetivo de enviar uma forte mensagem aos passadores.
Kairidis foi designado para este cargo após a reeleição em 25 de junho do partido conservador Nova Democracia (ND) de Kyriakos Mitsotakis, para um segundo mandato de quatro anos.
O ministro sublinhou que o reforço dos programas de integração e a promoção da imigração legal se incluem entre as suas prioridades.
A Grécia já assinou acordos abrangendo trabalhadores migrantes oriundos do Bangladesh e do Egito, devido a uma procura de pelo menos 100.000 empregos nos setores da agricultura, turismo e construção.
As questões migratórias são um tema premente na Grécia e também polémico ao nível das relações com outros países.
Na segunda-feira, o Governo da Turquia acusou a Grécia de ter efetuado no passado sábado no mar Egeu o repatriamento forçado e imediato (processo designado como ‘pushback’) de cerca de uma centena de migrantes em situação irregular.
Num comunicado conjunto, o Ministério do Interior e a Guarda Costeira da Turquia asseguraram que 95 migrantes irregulares foram resgatados pelas suas forças no mar Egeu, após terem sido expulsos a bordo das suas embarcações pelo que designaram de “elementos gregos”.
Desde há meses que as autoridades turcas acusam a Grécia do repatriamento forçado e imediato de migrantes em situação irregular, sem lhes fornecer a possibilidade de apresentar pedidos de asilo, situação que Ancara recorda estar proibida pelo Direito Internacional.
A Grécia, a par de Itália, Espanha ou Malta, é conhecida como um dos países da “linha da frente” ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa.
A Grécia é abrangida pela rota migratória do Mediterrâneo Oriental, normalmente efetuada entre as costas turcas e o território grego.