A mãe da jovem de 17 anos que, na noite de 12 de abril, terá sido alvo de uma tentativa de subjugação com uma substância conhecida como “Boa Noite Cinderela” no Bar Académico (BA), em Braga, apresentou uma queixa-crime no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Braga. A queixa visa o presumível autor do ato, o segurança do bar, o proprietário do estabelecimento e a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho), entidade responsável pela gestão do espaço.
Segundo o relato, a jovem encontrava-se no BA acompanhada por quatro amigos, entre os quais Manuel Gonçalves, conhecido como “Manu”, o jovem de 19 anos que viria a ser mortalmente esfaqueado naquela madrugada. De acordo com a queixa, um indivíduo — cuja identidade é desconhecida, mas cuja conta de Instagram foi fornecida às autoridades — terá entregue à jovem uma garrafa de água adulterada com a droga, sendo a situação rapidamente identificada pelos amigos, que a impediram de a consumir.
Conforme descrito no documento, “Manu” alertou de imediato a jovem e procurou o apoio da segurança do bar. Contudo, a resposta do segurança terá sido agressiva e negligente: “deu duas chapadas ao Manu, recusou-se a intervir e expulsou-o do local”, descreve a queixa. A mãe da jovem aponta este comportamento como uma “omissão de auxílio em situação de perigo iminente”, violando o dever de proteção aos frequentadores do espaço.
A queixa também acusa a AAUMinho de “conduta negligente” por alegadamente não garantir condições de segurança adequadas no recinto, não prevenir a presença de indivíduos potencialmente perigosos e falhar na resposta a situações de risco. O empresário responsável pela gestão do bar, cuja identidade não é ainda conhecida pela queixosa, também é visado.
Este novo desenvolvimento junta-se à queixa anteriormente apresentada pelos pais de Manuel Gonçalves, que apontam responsabilidades semelhantes aos mesmos intervenientes, num processo que agora ganha novos contornos.
A Polícia Judiciária de Braga prossegue a investigação, tendo identificado e detido Mateus Marley Machado, cidadão brasileiro, apontado como o autor das facadas fatais que vitimaram “Manu”. O suspeito está em prisão preventiva por decisão do Tribunal de Instrução de Guimarães.
Entretanto, a PJ está a identificar todas as pessoas presentes no BA naquela noite, com o objetivo de as ouvir como testemunhas no inquérito que investiga tanto a morte do jovem como o contexto em que ocorreu — incluindo a alegada tentativa de drogar a jovem.
Manuel Gonçalves foi esfaqueado à porta do bar, pelas 05h00, na sequência de uma rixa iniciada no interior do estabelecimento. Foi atingido por dois golpes, um na axila e outro no peito, que se revelaram fatais.
