Mais de 10 mil pessoas marcaram presença no último dia de um evento que celebrou a música eletrónica com paz, diversidade e emoção
Braga viveu este domingo o momento alto do Nómadas Festival, que se despediu da cidade com a maior enchente dos três dias: mais de 10 mil pessoas lotaram o recinto instalado na pedreira, num final apoteótico que consagrou o evento como um dos mais vibrantes do circuito nacional da música eletrónica.
Durante o fim de semana, milhares de festivaleiros — vindos de todo o país e também do estrangeiro — criaram um ambiente de comunhão musical marcado pela diversidade, pelo espírito pacífico e pela ausência de incidentes graves.
“Foi tudo tranquilo”, assegura Isabel Saraiva, da delegação de Braga da Cruz Vermelha, que esteve presente com uma equipa de apoio no recinto. “Tivemos apenas os casos típicos de consumo excessivo de álcool, mas nada preocupante.”
Também a equipa de segurança destacou o comportamento exemplar do público. “No sábado, a zona atrás do palco ficou um pouco sobrelotada, o que dificultou a nossa ação, mas no geral correu tudo dentro do previsto”, explicou um dos responsáveis da produção. Nenhuma intervenção crítica foi necessária — algo raro em eventos desta dimensão.
RÜFÜS DU SOL, a falha técnica e o renascimento com “Innerbloom”
A última noite foi encabeçada pelos australianos RÜFÜS DU SOL, que protagonizaram um dos momentos mais épicos do festival. O seu DJ set ficou marcado por uma inesperada falha de energia pouco depois das 23h. O silêncio instalou-se por sete minutos — mas foi precisamente esse contratempo que deu origem a um momento catártico.
Com o regresso da energia, “Innerbloom” ecoou pelas rochas e transformou a pedreira num verdadeiro jardim de luzes, graças a um espetáculo de fogo de artifício sincronizado. A canção — que fala de libertação e crescimento interior — tornou-se o hino emocional da noite, arrebatando o público num misto de euforia e contemplação.
Antes disso, os DJs celebraram a vitória da Seleção Nacional frente à Espanha, erguendo camisolas de Portugal, num gesto que mereceu aplausos e gritos de celebração da multidão.
Ao longo do dia, o recinto vibrou também com atuações de Jean Claude Ades, Nadia Boulif e Samm, entre outros, num alinhamento eclético que celebrou diferentes vertentes da música eletrónica.
Uma pedreira que se transformou em palco global
Entre o público, a presença estrangeira foi notória. Um grupo vindo da Galiza fez questão de partilhar a experiência:
“Descobrimos o festival nas redes sociais e decidimos vir. Este cenário é incrível, parece que estamos em Ibiza — mas até melhor! O ambiente, as pessoas, a energia… foi mais do que esperávamos.”
O futuro de um festival em crescimento
Apesar do sucesso evidente, a organização optou por não prestar declarações formais no encerramento, remetendo o balanço oficial para uma futura nota de imprensa. Fontes próximas admitem que a equipa ainda está a lidar com os “desafios naturais de um festival em expansão”.
O Nómadas Festival despediu-se de Braga deixando uma mensagem clara: quando a música se alia à beleza natural do território e ao respeito entre culturas, pode transformar-se numa celebração coletiva inesquecível — e criar memórias que, tal como a música, resistem ao tempo.