Max Fernandes apresenta “Pedagogia da bomba 3D” no Mira Artes Performativas, no Porto, evocando os atentados em Braga, Famalicão e Santo Tirso entre 1975 e 1977
Cinco décadas após o assalto ao Centro de Trabalhos do PCP em Braga e outros atentados cometidos em Famalicão e Santo Tirso durante os anos conturbados que se seguiram ao 25 de Abril, o artista Max Fernandes, natural de Guimarães, inaugura este sábado, 14 de julho, no Mira Artes Performativas, no Porto, a exposição “Pedagogia da bomba 3D”. A mostra estará patente até 13 de setembro de 2025.
O projeto surgiu após a leitura do livro Quando Portugal Ardeu, da autoria do jornalista Miguel Carvalho, que inspirou Max Fernandes a explorar os episódios violentos perpetrados pela chamada “rede bombista” entre 1975 e 1977. A investigação aprofundou-se durante uma residência artística no gnration, em Braga, em 2021, centrada no ataque ao centro do PCP local.
Posteriormente, o artista visitou os outros dois locais alvo de atentados — em Famalicão e Santo Tirso — aprofundando o trabalho com mais pesquisa documental, visitas ao terreno e recolha de testemunhos.
“A exposição inclui imagens e áudios relacionados com os atentados. A ideia foi perceber como é que os corpos ficaram fixados nas fotografias da época, revivendo uma memória que continua viva em muitas pessoas”, explica Max Fernandes à Rádio Universitária do Minho (RUM).
Além da exposição, será também lançado um livro homónimo, totalmente produzido em serigrafia manual, cujo lançamento está agendado para o último dia da exposição, a 13 de setembro.
Max Fernandes convida o público a visitar a exposição e a partilhar memórias:
“Sempre que apresento este projeto, há alguém que aparece para contar uma história pessoal daquele período. Isso tem sido extraordinário. A ideia é continuar o projeto com esses contributos espontâneos”, afirma.
A exposição “Pedagogia da bomba 3D” propõe uma reflexão artística e documental sobre um dos períodos mais tensos da democracia portuguesa nascente, dando voz a uma memória coletiva tantas vezes esquecida.
