O Meo Marés Vivas 2025 abriu portas com duas atuações em português que mostraram, desde cedo, a amplitude emocional e sonora do festival. Jessica Pina estreou o palco Moche e, mais tarde, os Hybrid Theory tomaram conta do palco Meo com a força da memória de Linkin Park.

O início foi suave, quase íntimo. Cinco pessoas sentadas à frente do palco Moche assistiram aos primeiros acordes de Jessica Pina, mas rapidamente o público começou a crescer, atraído pela força discreta do seu trompete e pela sua voz única, cheia de alma e textura. O jazz, o soul e o groove misturavam-se sem esforço, num concerto que foi ganhando corpo e temperatura à medida que o tempo passava.

Jessica Pina não é novidade para quem segue de perto a nova música portuguesa — já passou por palcos internacionais, acompanhou Madonna na digressão Madame X e lançou o EP Vento Novo com produção visual de João Pedro Moreira. Em palco, trouxe temas como Romeu e Primeiro Esquerdo, mostrando maturidade, autenticidade e um domínio absoluto do espaço e do som.

A reação do público não deixou dúvidas: há artistas que nascem preparados para o Coliseu, mesmo quando começam a tocar para cinco desconhecidos.

No palco principal, horas mais tarde, a energia transformou-se por completo. Os Hybrid Theory, banda tributo a Linkin Park, trouxeram consigo a eletricidade crua de um legado que ainda vive com intensidade nos corações de milhares. “For what I’ve done, I start again”, cantava-se em uníssono. As palavras já não pertencem apenas à banda original — são um mantra coletivo de superação e memória.

Clássicos como Given Up, Points of Authority e Numb tornaram-se hinos emocionais. O céu ameaçava chuva, os corpos vibravam com cada riff e cada grito parecia libertar anos de histórias mal contadas.

Joana Santos, de Vila Nova de Gaia, partilhou com o JN: “Estas músicas ajudaram-me a superar o divórcio.” Ao seu lado, os filhos assistiam com um misto de orgulho e emoção. A música, afinal, também serve para isso: para unir gerações, consolar dores antigas e criar memórias novas.

Foi um primeiro dia feito de contrastes, mas também de encontros: entre sons, emoções e pessoas. Entre um trompete suave e trovões de guitarras, o Meo Marés Vivas começou com tudo aquilo que a música sabe fazer melhor — curar, recordar e mover.

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