Carles Puigdemont exortou, esta sexta-feira, o Governo espanhol “ao diálogo” sobre a questão da independência da Catalunha e a libertar os líderes independentistas presos em Espanha.

Puigdemont falava à imprensa minutos depois de ter saído sob fiança da prisão de Neumünster (norte da Alemanha), onde estava detido há dez dias na sequência de uma ordem de detenção europeia emitida pela justiça espanhola e cumprida pela polícia alemã no final de março.

“As autoridades espanholas não têm qualquer desculpa para não iniciar o diálogo”, declarou Puigdemont à saída da prisão.

“Há anos que temos vindo a pedir diálogo, mas em resposta só obtivemos violência e repressão”, acrescentou.

Puigdemont insistiu na ideia de que “existem presos políticos” em Espanha — numa referência a vários líderes independentistas catalães que se encontram nas cadeias espanholas — e exigiu a sua libertação. “É uma vergonha para a Europa”, salientou.

O ex-presidente catalão disse ainda que a sua luta “é pela democracia” e considerou que o conflito catalão não é apenas um assunto interno de Espanha, mas sim um tema que diz respeito a todos os cidadãos europeus.

Por seu lado, o governo espanhol considerou hoje que não está a perseguir Carles Puigdemont, afirmando que este “não é uma vítima de perseguição política, e sim um fugitivo da justiça”.

O porta-voz do governo, Íñigo Mendez de Vigo, disse que o executivo espanhol respeita as decisões dos tribunais — tanto os alemães como os espanhóis — e que não interfere nas suas sentenças.

Argumentou ainda que a tentativa de separação da Catalunha é um assunto legal e não político.

Puigdemont saiu hoje da prisão alemã de Neumünster, depois de na quinta-feira a justiça daquele país ter decidido que poderia sair sob fiança.

O líder independentista catalão saiu da prisão pouco antes das 14 horas (13 horas em Portugal continental), depois de mais de dez dias confinado na sequência de uma detenção pela polícia alemã em cumprimento de uma ordem europeia de detenção emitida pela justiça espanhola.

Madrid pede a sua extradição para Espanha pelos crimes de rebelião e peculato (uso fraudulento de dinheiros públicos), mas a Audiência Territorial do estado federal alemão em que Puigdemont se encontra (Schleswig-Holstein) decidiu descartar do pedido o crime de “rebelião”.

A justiça alemã ainda terá de tomar uma decisão sobre se extradita ou não Puigdemont, se bem que apenas pelo crime de peculato.

A justiça espanhola acusou Puigdemont de crimes de rebelião, sedição e peculato por este ter declarado unilateralmente a independência da Catalunha e organizado um referendo ilegal, a 1 de outubro de 2017, com o mesmo objetivo. Outros 13 independentistas foram acusados do mesmo crime de rebelião.