Presidente norte-americano foi ao Twitter avisar a Rússia de que os mísseis contra o regime de Assad, em resposta ao alegado ataque químico que matou dezenas de pessoas no passado sábado, estão a caminho. Moscovo diz que “mísseis inteligentes” de que Trump fala deveriam ser usados contra terroristas e não contra “um governo legítimo”.

Um o clima de tensão na Síria a um nível sem precedentes, Donald Trump utilizou a rede social Twitter para afirmar que os mísseis “estão a chegar à Síria”, deixando um aviso a Moscovo.

Depois de uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas que chegou ao fim sem entendimentos entre Washington e Moscovo, Estados Unidos e Rússia continuam a trocar acusações relativamente à guerra na Síria, nomeadamente sobre o alegado ataque com armas químicas em Douma, que causou dezenas de mortos.

Trump, com o apoio do Reino Unido e da França, prometeu uma resposta, cuja iminência é cada vez maior, como confirmam os últimos tweets do presidente norte-americano.

“A Rússia diz que vai abater qualquer míssil disparado contra a Síria. Prepara-te, Rússia, porque eles estão a chegar, suaves, novos e ‘inteligentes’. Não deviam ser aliados de um animal assassino que mata o seu povo com gás e desfruta com isso”, escreveu Trump.

Entretanto, um porta-voz do ministério russo dos Negócios Estrangeiros disse que o lançamento de mísseis contra a Síria poderá ser uma forma de os Estados Unido destruírem provas relativamente ao alegado ataque químicos. Para além disso, disse a mesma fonte citada pela Associated Press, os “mísseis inteligentes deveriam ser utilizados conta terroristas e não contra um governo legítimo”.

Cerca de 40 minutos depois do tweet em que Trump praticamente anuncia o lançamento de mísseis contra a Síria, o presidente norte-americano deixou uma possibilidade de trégua no ar: “vamos parar com a corrida ao armamento?”.

“A nossa relação com a Rússia está pior do que nunca, e isso inclui os tempos da Guerra Fria. Não há razão para isto. A Rússia precisa da nossa ajuda para a sua economia, algo que seria bastante fácil de fazer, e precisamos que todos as nações trabalhem em conjunto. Vamos parar com a corrida ao armamento?”, escreveu Trump.

Esta terça-feira, a Rússia afirmou que não vai tolerar um ataque contra a Síria e, nesse sentido, o embaixador russo no Líbano, Alexander Zasipkin, garantiu que qualquer míssil disparado contra o regime de Bashar al-Assad será intercetado. No entanto, esta resposta de Moscovo não parece ter surtido qualquer efeito em Trump, que, com o seu tweet, dá a entender que a intervenção militar vai mesmo acontecer e que, além disso, a Rússia não terá capacidade para interceptar os mísseis lançados.

A Síria e a Rússia negam o ataque químico atribuído ao regime de Assad, e já mostraram disponibilidade para receber a  Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), para que seja averiguada a utilização deste tipo de armamento. No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que 500 pessoas revelaram sinais de exposição a químicos tóxicos após o ataque de sábado em Douma

O clima de tensão é de tal modo elevado que a Eurocontrol, organização europeia de segurança na navegação aérea, emitiu um alerta de aviação civil para possíveis ataques aéreos.

Em abril de 2017, recorde-se, Donald Trump bombardeou uma base militar da Síria na sequência de um ataque com gás sarin perpetrado pelo regime de Bashar al-Assad. Já na passada segunda-feira, outro aeroporto militar sírio foi alvo de um ataque, atribuído a Israel, que causou pelo menos 14 mortos, entre eles sete iranianos. O Irão é, ao lado da Rússia e do Hezbollah libanês, o maior aliado de Assad na região e há muito que Tel-Aviv e Teerão vivem numa ambiente de constante ameaça, o que contribui para o agudizar de uma guerra na Síria onde várias potência mundiais combatem entre si.