Quem o diz é Luís Marques Mendes que, na antena da SIC, deu a sua opinião relativamente à Oferta de Aquisição Pública (OPA) que a China Three Gorges lançou sobre a EDP – Energias de Portugal. Sobre o comentário que António Costa fez a esta ação do grupo empresarial chinês, o social-democrata é perentório: “O primeiro-ministro foi imprudente e precipitado”.
A iniciativa da empresa chinesa “não é inesperada”, diz Luís Marques Mendes, lembrando que em setembro e janeiro passados já havia falado sobre esta possibilidade.
Agora que foi conhecida publicamente, o comentador descreve-a como uma “jogada de antecipação, porque na Europa estão a ocorrer vários fenómenos de fusões no domínio da energia”.
Assim, explica, os chineses antecipam-se a outros grupos europeus e seguram aquela que é uma “porta de entrada na Europa, nos Estados Unidos da América e noutras partes do mundo”.
Falando mais concretamente sobre as características da OPA, Marques Mendes diz que o seu “ponto forte” é o facto de os chineses quererem que “se mantenha portuguesa, autónoma, com sede e estrutura operacional em Portugal e que ainda se torne mais forte e competitiva, porque querem incorporar na EDP as participações que têm noutros países”.
E nesta senda defende que “para Portugal é melhor ter a EDP controlada pelos chineses do que por uma empresa europeia, porque corria-se o risco de ser desmantelada e de não ficar com sede em Portugal”, refere.
Porém, há também um “ponto fraco” que se prende com o “preço que propõem” que é, sublinha, uma “vulnerabilidade”, temendo, por isso, que “ninguém a vá subscrever” devido aos valores em causa.
Outra questão que pode tornar esta OPA vulnerável, explica, prende-se com a regulação comunitária sobre o setor. “Pode haver aqui problemas de regulação. Primeiro, porque a administração Trump não gosta muito da compra de ativos pelos chineses e depois porque as regras europeias ditam que não pode ser a mesma entidade a produzir e distribuir. A EDP faz a produção e a REN o transporte, é certo que são empresas diferentes, mas são os chineses que mandam”, frisou.