Um disparo acidental matou Carla Amorim, de 32 anos, esta terça-feira de manhã, quando a guarda prisional participava numa ação de formação que estava inserida no treino anual de tiro, junto ao Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira.
O acidente ocorreu pelas 11h00, numa carreira de tiro – quando uma bala disparada por um instrutor atingiu de forma fatal o peito da vítima.
No local, equipas médicas do Hospital de Penafiel e os bombeiros de Paços de Ferreira ainda fizeram todos os esforços para tentar reanimar a vítima, natural de Baião, mas o óbito da vítima foi declarado ainda na cadeia, por volta das 12h30.
A GNR foi chamada ao local, mas a investigação do caso passou entretanto para a Polícia Judiciária do Porto, que deverá ouvir o autor do disparo fatal nos próximos dias, até porque ontem o monitor se encontrava em choque.
Em comunicado, a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) lamentou “profundamente o sucedido” e garante já ter pedido a abertura de um inquérito que vai ficar a cargo do inspetor coordenador do Serviço de Auditoria e Inspeção (Norte) da DGRSP.
Em Baião – Carla vivia no centro da vila -, família e amigos reagiram com incredulidade. Pelas redes sociais, muitos dos que eram próximos da guarda prisional quiseram ontem prestar homenagem com palavras de apoio à família.
“A Carla era jovem e muito querida em Baião e as pessoas sentem uma grande revolta”
Carla Amorim vivia na União de Freguesias Campelo e Ovil, em Baião. A população ficou bastante consternada com a notícia.
“Toda a gente está revoltada com esta perda. A Carla era uma pessoa jovem e muito humilde. Aqui em Baião todos gostavam dela e no seio familiar ela era como uma líder. Temos de apoiar a família” disse Filipe Fonseca, presidente da junta local.
Local errado e nada fazia prever tiro
Foi um dos formadores do treino que disparou acidentalmente o tiro que atingiu mortalmente a guarda prisional Carla Amorim. Ao que o CM apurou, a Polícia Judiciária aponta para um cenário de erro grosseiro por parte do instrutor.
Por se encontrar em choque com o sucedido, não conseguia ontem sequer explicar de forma coerente a situação, pelo que os inspetores da PJ apenas o deverão ouvir nos próximos dias.
Os primeiros indícios e testemunhos recolhidos pelas autoridades vão no sentido de a vítima se encontrar num sítio que não deveria, mas que nada faria prever – ou justificava – o disparo naquele momento.
As declarações do formador e dos restantes formandos vão ser fulcrais para perceber que evolução terá esta investigação.
PORMENORES
Arma usada por guardas
A bala disparada possuía um calibre de 9 mm e era usada pelas pistolas dos guardas prisionais.
Inspetor é magistrado
O inspetor que vai ficar responsável pelo inquérito aberto internamente pela DGRSP é magistrado do Ministério Público.
Carreira de tiro
O local onde o tiro foi disparado fica num terreno exterior junto ao estabelecimento prisional.