A última Black Friday bateu recordes. 24 de novembro de 2017 foi o segundo dia do ano com maior número de compras.
Os portugueses gastaram nesse dia mais de quatro milhões de euros em lojas físicas, dizem os dados da SIBS, a entidade que gere a rede de Multibanco. À frente desse número só mesmo o dia 23 de dezembro. As compras de Natal de última hora representaram cerca de cinco milhões de euros.
Mas, se olharmos para as compras online, uma tendência que tem vindo a crescer, essa “sexta-feira negra” foi o dia do ano em que os portugueses mais compraram, gastando perto de 300 mil euros.
CONTER AS TENTAÇÕES
As promoções já arrancaram, umas à meia-noite de hoje, outras há dias. O período da Black Friday tem vindo a estender-se, muitas vezes, até uma semana. “A lógica deste relógio é muito significativa”, diz a Deco. Grandes descontos num curto espaço de tempo conseguem ter um “impacto muito significativo nos consumidores e são capazes de condicionar o seu comportamento”.
Numa tentativa de escoar stock e vender o máximo, os comerciantes podem cair na tentação de manipular os preços. A Associação de Defesa do Consumidor dá o exemplo: “Um smartphone é colocado à venda no primeiro dia a mil euros, mas passado uma semana já está a 800€ e no dia de Black Friday anuncia-se a 700€, com um desconto de 30% associado”.
Por ser tentador, a ASAE está atenta e preparada para reforçar a sua atuação nesta altura. No ano passado, foram fiscalizados 255 operadores e levantados 39 processos de contraordenação. As multas podem chegar aos 30 mil euros. “O que detetámos mais acabaram por ser informações incompletas e inexatas, e também a indicação da medida concreta de venda”, explicou ao JN/Dinheiro Vivo, Pedro Portugal Gaspar, inspetor-geral da ASAE.
Em 2017, o Portal da Queixa registou um aumento de 40% nas reclamações relativas a este dia, face ao ano anterior. Os principais motivos das queixas foram o aumento dos preços antes da promoção, a venda com falta de stock para a procura, a publicidade enganosa e dificuldade na aquisição dos produtos em campanha e as falhas no sistema online.
Com o objetivo de tornar o processo mais transparente, a Deco disponibiliza, à semelhança dos anos anteriores, um comparador de preços. Esta ferramenta permite aos consumidores perceberem o comportamento dos preços de determinados produtos ao longo do tempo, dando até informação sobre os mesmos produtos em lojas diferentes. Também o Portal da Queixa tem à disposição uma plataforma dedicada exclusivamente à Black Friday.
PUBLICIDADE ENGANOSA
Mário Frota, presidente da Associação Portuguesa de Direito do Consumo, defende que os portugueses não estão preparados para fenómenos como a Black Friday. “Embora a maioria das pessoas tenha acesso à informação, a publicidade enganosa é dos principais problemas”, destaca.
A empresa de cibersegurança Vision Ware deixa o alerta para os tipos de fraude mais comuns nesta época, que envolvem sites falsos e consequente roubo de dados pessoais e bancários, e ainda o envio de produtos com defeito ou falsificados como se fossem originais.
CUIDADOS A TER
Pesquisa
Se está a pensar aproveitar a Black Friday para comprar determinado produto, é essencial fazer uma pesquisa antecipada. Faça uma ronda em várias lojas e compare os preços. A Deco, o Portal da Queixa e o KuantoKusta oferecem ferramentas de comparação de preços.
Planeamento
O objetivo desta época é poder comprar o que nos faz falta sem gastar demasiado dinheiro. Faça uma lista daquilo que pretende comprar. Na hora de ir às compras, restrinja-se àquilo que planeou e não ceda a impulsos.
Políticas de compra
É importante consultar as condições antes de realizar a compra. Por exemplo, as lojas físicas oferecem políticas de reembolso e troca de 30 dias, mas o mesmo já não acontece com as compras online, que reduzem este período para os 14 dias.
Lojas online
Muitas pessoas optam por fazer as compras online, evitando a confusão nas lojas físicas. É importante ter cuidado com as lojas fictícias para não cair em fraudes. Além disso, um dos principais problemas apontados pelo Portal da Queixa é a venda de produtos com falta de stock.