António Salvador acusou Theodoro Fonseca de “ofensas verbais” e “agressividade” e explicou os contornos do negócio de Tormena e Dyego Sousa.
António Salvador deu a sua versão do incidente ocorrido na véspera com Theodoro Fonseca, acionista maioritário da SAD do Portimonense, antes do jogo particular realizado entre as duas equipas no estádio do clube algarvio. O dirigente brasileiro questionou Salvador sobre os negócios que envolveram a contratação de Tormena ao Gil Vicente e a venda de Dyego Sousa aos chineses do Shenzhen, numa discussão que chegou a meter empurrões. “O episódio com o Theodoro Fonseca foi lamentável e um ato de enorme cobardia”, começou por afirmar o presidente arsenalista, antes de detalhar como tudo aconteceu. “Eu estava tranquilamente a falar com o senhor Joaquim Oliveira e a sua esposa no parque do estádio quando se aproxima o Theodoro, rodeado de alguns gangsters, e me começa a ofender verbalmente. Não lhe permiti nem permito o tom e menos ainda a agressividade que depois teve para comigo, como também não permito que tenham tentado apertar o Tormena antes e depois do jogo. As atitudes qualificam quem as toma e por isso percebo como é que há jogadores a sair do Portimonense queixando-se de agressões por parte dos dirigentes”, prosseguiu.
Na lista de acusações feitas por Theodoro Fonseca esteve o desvio de Tormena do Portimonense (na última época esteve cedido ao clube algarvio pelo Gil Vicente e, supostamente, já teria tudo acordado para assinar em definitivo). No entanto, a versão do Braga é diferente. António Salvador decidiu avançar para a contratação do defesa-central depois de ter encontrado Francisco Dias, presidente do Gil Vicente – e dono do passe do jogador -, nos escritórios da Gestifute, de Jorge Mendes. Na altura, o líder do clube de Barcelos revelou que o Portimonense não tinha acionado a cláusula de compra em janeiro (um milhão de euros) e que estava a negociar a venda do jogador para a Turquia por dois milhões de euros. Sendo Tormena um jogador do agrado de Abel Ferreira, treinador do Braga na altura, Salvador acabou por chegar a acordo com Francisco Dias, por um valor superior a um milhão de euros, tendo o clube de Barcelos garantido ainda 20 por cento de uma futura venda. Depois de fechado o negócio, o Braga acusa ainda Theodoro Fonseca de ter pressionado o jogador a reverter a sua decisão, ao ponto de o dirigente ter viajado para o Brasil, onde o jogador se encontrava a passar férias, com o objetivo de o obrigar a assinar pelo Portimonense.
No sábado, Theodoro Fonseca confrontou ainda António Salvador com os valores envolvidos na venda de Dyego Sousa ao Shenzhen – o negócio fez-se apenas por 5,4 milhões de euros, ao contrário dos expectáveis 15 milhões de euros -, uma vez que o Portimonense considera que ainda tinha os direitos económicos partilhados com o Marítimo (que garantiu 25 por cento da venda). No entanto, e no entender do Braga, esses direitos cessaram a partir do momento em que o avançado assinou pelo clube minhoto na condição de jogador livre, uma vez que tinha terminado contrato com o clube insular.
Em conversa com os jornalistas, António Salvador fez ainda graves acusações a Theodoro Fonseca, tendo pedido a intervenção da Federação Portuguesa de Futebol. “Não sei para onde caminha o nosso futebol e estranho que ninguém atue quando o representante do acionista maioritário de uma SAD é, ao mesmo tempo, alguém que distribui e controla jogadores por outras sociedades a competir nas mesmas provas e inclusive já tomou conta de outro clube [em referência ao Penafiel]. Isto é um atentado à competição, mas andamos preocupados com fait divers e fazemos de conta que não se passa nada. A FPF e a Liga devem investigar isto, porque o que se passa é um atentado às leis da concorrência da FIFA e da UEFA”, rematou.