Em São Victor, uma das freguesias mais urbanas de Braga, continua a cumprir-se uma tradição antiga, muito característica dos meios mais rurais. Ontem, pelo sexto ano consecutivo, o auditório da Escola EB 2,3 Dr. Francisco Sanches foi o palco do ‘Cantar as Janeiras’, um evento dinamizado pela Junta de Freguesia de São Victor e pela Associação Cultural e Festiva ‘Os Sinos da Sé’.
Coube ao Grupo Coral de Guadalupe abrir o palco, seguindo-se o Grupo Folclórico de Macada – Vimieiro, o Grupo Coral da Obra Social da Armada e o grupo da Associação Recreativa e Cultural de Marrancos – Vila Verde. O grupo anfitrião, ‘Os Sinos da Sé’, foi o último a subir ao palco, momentos antes do evento fechar com o tradicional bolo-rei, servido com um cálice de vinho do Porto, como também já manda a tradição neste evento.

Ricardo Silva, presidente da Junta de Freguesia de São Victor, referiu que este evento consiste em mais um momento da autarquia desejar um bom ano aos seus fregueses, recordando que já na semana passada foi promovido um concerto com o mesmo objectivo.
O autarca destacou que esta é mais uma oportunidade para os grupos sediados na freguesia mostrarem ao público um pouco do seu trabalho. O evento é também demonstrativo da riqueza do nosso cancioneiro e património etnográfico, sendo que os grupos não se limitam a interpretar temas da nossa região como também proporcionam à assistência uma viagem por temas de Reis e Janeiras característicos de outras regiões do país.

Aliás a preocupação de mostrar o que de diferente fazem os grupos em matéria de preservação de tradições é um dos motivos que levam o ‘Os Sinos da Sé’ a convidar grupos “de fora” da freguesia para este evento, explicou ao ‘Correio do Minho’ Fernando Faria. O presidente do grupo ‘Os Sinos Sé’ realçou ainda que o cantar dos Reis e Janeiras preserva tradições que ainda estão vivas na memória de muitos. Ele próprio recorda nestes eventos os momentos que, com oito, nove anos de idade, viveu em Priscos, quando acompanhava a mãe nos cantares dos Reis. Nessas alturas, em torno da lareira, alguém sugeria “vamos cantar so reis” e era “amarrar na samarra ou manta e sair” pela aldeia cantando os Reis e Janeiras, desejando bom ano e recebendo em troca algum petisco que tão bem sabia nessas noites frias de Inverno.
A sexta edição do ‘Cantar as Janeiras’ revelou-se um sucesso, com o auditório a revelar-se pequeno para acolher todos aqueles que quiseram apreciar mais um momento da mais pura cultura popular.