Um ano depois do nascimento, ainda não há uma decisão sobre se o caso contra o clínico será arquivado ou seguirá para acusação. Recorde abaixo.
Rodrigo, o bebé que nasceu sem nariz, sem olhos e sem parte do crânio e a quem foram dadas apenas horas de vida, completa esta quarta-feira um ano. As redes sociais de Marlene Simão, mãe do menino, já se ‘encheram’ de mensagens de parabéns que sublinham a força do bebé e da família nesta luta.
O bebé Rodrigo nasceu a 7 de outubro de 2019 no Hospital de São Bernardo, do Centro Hospitalar de Setúbal, com várias malformações graves, sem que o médico Artur Carvalho, que realizou as ecografias de acompanhamento da gravidez, tivesse detetado ou sinalizado aos pais qualquer problema.
O obstetra que fez as ecografias numa unidade privada, a Ecosado, tinha 14 queixas em averiguação na Ordem dos Médicos em dezembro. Os exames foram realizados através de credenciais passadas pelo SNS mas, afinal, a clínica não tinha qualquer convenção com o Estado.
O presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco, adiantou haver indícios de irregularidades na clínica que realizou os exames.
De acordo com o Correio da Manhã, os pais do bebé fizeram três ecografias com o médico em causa, sem que lhes tivesse sido reportada qualquer malformação. Só num exame feito noutra clínica, uma ecografia 5D, os pais foram avisados para a possibilidade de haver malformações. Questionaram o médico que os seguia, que lhes garantiu que estava tudo bem, conta o jornal, citando a madrinha do bebé.
Obstetra Artur Carvalho “foi aposentado no dia 1 do julho”
No mês do nascimento de Rodrigo, no dia 18, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, anunciou que iria apresentar queixa ao Conselho Disciplinar Regional do Sul sobre este caso e “solicitar com urgência a abertura de um processo”. Quatro dias depois, a 22, o obstetra comunicou ao bastonário que decidiu suspender a realização de ecografias na gravidez até à conclusão dos processos em análise no Conselho Disciplinar do Sul, que nesse dia determinou a suspensão preventiva do clínico por um período de seis meses.
Artur Carvalho foi ainda punido com a pena máxima prevista nos Estatutos da Ordem dos Médicos, ou seja, a expulsão, mas o advogado do médico disse que iria recorrer da proposta”. Em 22 de julho deste ano, a ministra da Saúde, Marta Temido, revelou que o clínico se tinha aposentado no início desse mês.
Enquanto funcionário do Serviço Nacional de Saúde, o vínculo hierárquico que também detinha, o médico Artur Carvalho “foi apresentado no dia 1 do julho, independentemente dos processos que sobre si suscitam num conjunto de outras entidades”, afirmou a governante, na Comissão de Saúde.
O caso do bebé sem rosto levou logo à abertura de um inquérito por parte do Centro Hospitalar de Setúbal, para apurar se foram efetuados corretamente todos os procedimentos no parto do bebé. Também o Ministério Público abriu um inquérito.
Um ano depois do nascimento de Rodrigo, ainda não há uma decisão sobre se o caso contra o clínico será arquivado ou seguirá para acusação.