Subida do desemprego já é oficial nas estatísticas do INE. Pessoas que, por não conseguirem procurar emprego durante a pandemia, tinham sido classificadas como inactivas passaram no terceiro trimestre a contar como desempregadas.

A crise trazida pela pandemia fez-se finalmente notar, no terceiro trimestre do ano, nas estatísticas trimestrais do desemprego. Depois de ter descido no segundo trimestre do ano para 5,6%, a taxa de desemprego subiu para 7,8% no período entre Julho e Setembro, um resultado inevitável tendo em conta o recuo na actividade económica que se registou no país.

De acordo com os dados publicados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, cerca de 404,1 mil portugueses foram classificados durante o terceiro trimestre como desempregados, um valor que fica cerca de 125 mil acima do registado no trimestre anterior, precisamente aquele em que os efeitos económicos da pandemia e do confinamento foram mais acentuados.

A explicar esta aparente contradição está o facto de, durante o segundo trimestre, uma parte importante das pessoas que ficaram (ou já estavam) sem emprego não terem sido classificados estatisticamente como desempregados, mas sim como pertencendo à população inactiva.

Isto aconteceu porque, para ser classificado como desempregada, uma pessoa tem de ter procurado activamente emprego durante o mês anterior ao inquérito. E com as limitações de movimento trazidas pela pandemia, isso não foi possível para muitas pessoas, que acabaram por ficar classificadas como inactivas, de acordo com o INE.

Agora, no terceiro trimestre, com as medidas de confinamento aliviadas, assiste-se a uma normalização dos dados. A população inactiva reduziu-se em 189 mil pessoas e, ao mesmo tempo, passou a haver mais 125,7 mil desempregados e mais 48,7 mil empregados.

A taxa de desemprego começou assim a caminhar no sentido que era previsível tendo em conta a contracção registada na economia. Os 7,8% agora anunciados comparam não só com os artificiais 5,6% do segundo trimestre como também com os 6,7% do primeiro trimestre do ano e com os 6,1% do período homólogo do ano anterior. A taxa de desemprego está agora ao nível mais alto desde o primeiro trimestre de 2018.

Também a taxa de subutilização do trabalho – que junta aos desempregados também pessoas que não são assim classificadas por terem um trabalho parcial (indesejado) ou se sentem desencorajadas a procurar emprego – subiu no terceiro trimestre, de 14% para 14,9%, atingindo um valor 2,7 pontos percentuais acima do registado em igual período do ano passado.