O Moreirense apurou-se hoje para os oitavos de final da Taça de Portugal em futebol, mas precisou de prolongamento para levar a melhor, por 3-2, sobre o Cova da Piedade, que milita na II Liga.

Os ‘cónegos’, da I Liga, garantiram o triunfo com três golos na sequência de pontapés de canto, por Rosic (seis minutos), Steven Vitória (103) e André Luís (109), que evidenciaram as lacunas da equipa da margem sul do Tejo nos lances de bola parada.

A equipa de César Peixoto nunca esteve em desvantagem, mas beneficiou de uma saída em falso de Cléber Santana para inaugurar o marcador, num cabeceamento de Rosic, já depois de Steven Vitória negar o golo a Arnold logo no primeiro minuto de jogo.

João Vieira fez a igualdade, ao trabalhar no meio de Fábio Pacheco e Steven Vitória um passe de João Patrão, estabelecendo logo aos 27 minutos o resultado com que se chegaria ao final do tempo regulamentar, depois de Felipe Pires (41) errar o alvo com o guarda-redes da casa batido e de Hugo Machado (74), de livre direto, obrigar Pasinato a defesa apertada.

O tempo extra foi um castigo merecido para as duas equipas pela fraca produção nos primeiros 90 minutos, mas o Moreirense reagiu muito melhor fisicamente e, finalmente, impôs os seus pergaminhos de equipa da I Liga, justificando nova vantagem (2-1) com um golo de Steven Vitória (103), num canto batido por Felipe Pires no qual a defesa piedense deixou a bola bater no chão e sobrar para o central visitante ao segundo poste.

Na primeira jogada da segunda parte do prolongamento, João Oliveira (106) isolou-se a passe de Miguel Rosa e bateu Pasinato, devolvendo a esperança aos piedenses, num lance em que pareceu arrancar em posição irregular, mas os visitantes não se perderam nos protestos e evitaram a ‘lotaria’ das grandes penalidades com o golo de André Luís, que desviou o canto de Felipe Pires no meio da confusão na pequena área.

César Peixoto, treinador do Moreirense, em declarações aos jornalistas após o jogo com o Cova da Piedade para a 4.ª eliminatória da Taça de Portugal:

Dar os parabéns ao adversário, que nos dificultou o jogo e teve mérito. O resultado é justo. Fomos a melhor equipa e mais que foi mais proactiva. Aqui ou ali faltou-nos algum discernimento, mas a equipa já esteve mais perto do que queria.

Sabemos que estes jogos da Taça normalmente são assim. Sabíamos que íamos encontrar aqui muitas dificuldades, mas há que dar os parabéns aos jogadores, que foram guerreiros e nunca abdicaram de jogar.

Era importante quebrarmos o ciclo sem vencer.»

[Que sinais positivos já vê na equipa e o que falta ainda melhorar?]

«Vejo um espírito de grupo que está a crescer a olhos vistos. Os jogadores estão muito empenhados. E as bolas paradas foram trabalho de casa também.

Vi uma equipa mais interligada, mais associações. Vê-se a equipa mais compacta e os jogadores a começarem a saber o que têm de fazer. Já se nota alguma diferença: tivemos estabilidade para trabalhar esta semana e a equipa cresceu bastante. Creio que vai continuar a crescer daqui para a frente.»

César Lacerda, treinador-adjunto do Cova da Piedade, em declarações aos jornalistas após o jogo com o Moreirense para a 4.ª eliminatória da Taça de Portugal:

«Sabíamos quem íamos defrontar e onde podíamos tirar partido de alguns espaços que Moreirense nos ia conceder. Acho que o explorámos bem, criámos perigo e conseguimos criar instabilidade na organização defensiva do Moreirense.

Nas bolas paradas, no esquema tático defensivo não conseguimos ser eficazes e isso desequilibrou o jogo. Em ataque organizado o Moreirense não tem uma situação para fazer golo.

Estivemos sempre seguros e tranquilos. Não conseguimos ser eficazes nos esquemas táticos defensivos.»

[Quebra do Cova da Piedade no prolongamento?]

«Senti que fisicamente quebrámos um pouco no prolongamento e não mantivemos a mesma intensidade e velocidade de chegada ao adversário. Acredito que não seja só a situação da covid-19 que tivemos. Estamos a recuperar muito bem.

O jogo exigiu muito de nós. É difícil estarmos muito tempo em organização defensiva. Não é só o cansaço físico: é também o cansaço mental.

O Moreirense depois, como está melhor fisicamente, consegue ainda empurrar-nos um pouco mais para trás.»

[Supreendidos pelo facto de o Moreirense não ter nunca desfeito a linha de três defesas?]

«Não vejo a linha de três como algo defensivo. O Rosic aparecia muitas vezes em zonas subidas. Acredito que não desfizeram a linha porque estão rotinados para jogar dessa forma. É assim que trabalham. Claro que notou-se o respeito com 1-1, quando não arriscaram mudar o sistema para colocar mais homens na zona de finalização.»

Ficha de Jogo

Jogo no Estádio Municipal José Martins Vieira, no Laranjeiro.

Cova da Piedade – Moreirense, 2-3 após prolongamento.

Ao intervalo: 1-1.

No final do tempo regulamentar: 1-1.

No final da primeira parte do prolongamento: 1-2.

No final do prolongamento: 2-3.

Marcadores:

0-1, Rosic, 06 minutos.

1-1, João Vieira, 27.

1-2, Steven Vitória, 103.

2-2, João Oliveira, 106.

2-3, André Luís, 109.

Equipas:

– Cova da Piedade: Cléber Santana, Gonçalo Tavares, Simão Júnior (Cele, 80), Zarabi, Kakuba, João Meira, João Patrão, Arnold (João Oliveira, 71), Pepo (Hugo Machado, 71) (Chico Chen, 89), Balogun (Miguel Rosa, 80) e João Vieira (Wilson Kenidy, 114).

(Suplentes: Adriano Facchini, Chico Chen, Cele, Hugo Machado, Wilson Kenidy, João Oliveira e Miguel Rosa).

Treinador: Toni Pereira.

– Moreirense: Mateus Pasinato, D’Alberto (Walterson Silva, 74), Rosic, Steven Vitória, Afonso Figueiredo (Abdu Conte, 62), Fábio Pacheco, Alex Soares (Gonçalo Franco, 80), Filipe Soares, Felipe Pires, Yan Matheus (David Tavares, 99) e Derik Lacerda (André Luís, 62).

(Suplentes: Miguel Oliveira, Nahuel Ferraresi, Abdu Conte, David Tavares, André Luís, Walterson Silva e Gonçalo Franco).

Treinador: César Peixoto.

Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve).

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Derik Lacerda (15), Felipe Pires (54), Gonçalo Tavares (65), Steven Vitória (87), Zarabi (90) e Rosic (106).

Assistência: jogo disputado à porta fechada devido à pandemia de covid-19.