Instituições do Ensino Superior preparam-se para o encerramento. Enquanto politécnicos apostam nos exames online e mantêm calendário, universidades antecipam segundo semestre e adiam provas.
Com flexibilidade, mas com algumas orientações claras: avaliações online sempre que exequível; se possível, antecipar o segundo semestre; e ensino à distância. Serão estas algumas das recomendações que o Ministério do Ensino Superior se prepara para comunicar às instituições, após o Conselho de Ministros desta manhã. Ouvidas pelo JN, a maioria vai mudar o calendário: avaliações para a frente, segundo semestre agora.
Na maior universidade do país – 50 mil alunos -, a decisão foi tomada ainda antes do Conselho de Ministros. Nesta manhã, diz ao JN o reitor de Lisboa Cruz Serra, optou-se por “fechar a atividade presencial e permitir a realização, num número muito limitado, de algumas avaliações escritas amanhã e sábado”. O ensino passa à distância e o segundo semestre é antecipado, “para garantir que os estudantes estão em casa”.
Todos os exames que ficarem por fazer, “e são muitos”, não serão feitos online, “para garantir a qualidade da avaliação”. Segundo Cruz Serra, vão ser “adiados para quando a pandemia o permitir, dificilmente antes de abril”. Os de recurso lá para “junho, julho”.
Ao JN, diz que desde o fecho de março, a instituição aprendeu muito e não “irá repetir alguns erros”. Ou seja, tomará decisões “com base nos modelos epidemiológicos; com os modelos políticos não toma de certeza”, frisa o reitor de Lisboa. A testagem aos alunos é já um dado adquirido, sendo que, revela, “da semana passada para esta o peso da variante inglesa nos casos positivos passou de 10% para 20%”. Apesar de estar convicto de que “a esmagadora maioria dos contágios ocorre fora da universidade”, entende terem a “obrigação de fechar para com o país”.
Calendários diferentes
Como em muitas instituições de Ensino Superior, os calendários das várias faculdades e escolas são diferentes. No Porto, por exemplo, a primeira chamada de exames acaba hoje. Mas em Trás-os-Montes (UTAD) só começariam em fevereiro. Na Universidade do Porto, a bitola deverá ser a mesma, apurou o JN: ensino à distância, exames adiados e segundo semestre antecipado.
“O mais importante é haver bom senso e ver de que forma os alunos não abandonam o sistema de ensino em cenário de pandemia”, frisa ao JN o reitor da UTAD. Por isso, Fontainhas Fernandes vai “ver caso a caso qual o melhor sistema de avaliação”. Se muitos têm avaliação contínua, outros tantos ainda não foram a exame: “Teremos que ver qual a melhor época do ano para não prejudicar o aluno, já basta os problemas sociais que existem”.
No Politécnico do Porto, o presidente João Rocha estava ontem de manhã a analisar a questão. “Antecipar o segundo semestre é exequível, mas adiar exames é adiar um problema”. Se a avaliação contínua pesa cerca de metade naquele instituto, a primeira chamada arrancaria para a semana e iria até final de fevereiro. E nem todas as avaliações podem ser feitas online, avisa.
Em Bragança, Orlando Rodrigues diz-se preparado para todos os cenários: ensino híbrido e exames online. “Adiar as avaliações está fora de questão, porque tem consequências drásticas na vida dos nossos estudantes: alguns estão a terminar as formações e atrasaria a sua entrada no mercado de trabalho”. Nomeadamente os alunos de curta duração, que iniciariam os seus estágios no segundo semestre. O que significa, garante, que não vai alterar o calendário escolar.
Também no Politécnico de Setúbal os exames arrancariam na próxima semana. Ao JN, o seu presidente Pedro Dominguinhos explica que “tudo o que for possível fazer online será feito, estando fora de causa adiar toda a época de exames”. As avaliações que obrigarem a regime presencial terão de ser redefinidas. Por isso, tal como em Bragança, não vai “alterar, nem antecipar o calendário”. Pedro Dominguinhos admite, no entanto, “eventuais encurtamentos nos períodos de férias mediante a evolução da pandemia”