No pico da crise pandémica existem ainda sectores de atividade que conseguem obter resultados positivos. Após um dos mais desafiantes anos de que há memória, são casos de sucesso que assentam em décadas de trabalho e no potencial futuro de um dos pilares da economia nacional.
O imobiliário português pautou-se por prestações surpreendentes até ao impacto inicial da pandemia. Até então impulsionado por um “boom” turístico, os preços rapidamente valorizaram muito para lá das melhores expetativas. Com ritmos de crescimento a superar os 15% anuais, o confinamento fez temer o pior, porém, a resiliência do sector persiste.
Crescimento em Ano Ímpar
Quem o indica é o mais recente barómetro anual da Imovirtual, ao dar-nos conta de uma valorização dos preços no mercado de venda na ordem de 1,6% ao longo do último ano.
Superando as melhores expetativas de analistas e profissionais da área, estes números revelam uma consistência e crescimento, com olhos postos no futuro. Indicativos de uma quase certeza que após vencido o cenário pandémico, o ritmo de crescimento seguirá o seu rumo em alta, os investimentos continuam a avançar.
Lisboa solidificou a sua posição como o distrito do país onde o preço de venda é mais elevado. Em dezembro de 2019, o valor médio fixava-se nos €551.607 e um ano depois havia aumentado para os €557.595. Num cenário como aquele que marcou o ano de 2020, é um feito verdadeiramente notável.
Mais notável ainda quando olhamos de perto e estabelecemos um comparativo da evolução de preços afeto ao confinamento, em relação aos mesmos valores no ano anterior. Nesse cenário de maior escrutínio verificamos que os preços aumentaram 11,3% em março e abril, e 7,2% após o período de confinamento.
Mercado de Arrendamento Reajusta-se
O mercado de arrendamento assistiu ao longo do último ano a uma variação de preços bastante interessante. Com recurso ao barómetro de preços podemos tirar algumas ilações. Desde logo, o valor médio praticado no arrendamento desceu 13,5%, o que sinaliza uma maior disponibilidade de imóveis do que em anos anteriores.
A pandemia obrigou a redefinir as prioridades de inúmeros proprietários ao aliená-los do mercado de arrendamento de curta duração, habitualmente referido como Alojamento Local. De forma a assegurar os seus investimentos, surgiram mais imóveis disponíveis no mercado de arrendamento, resultando numa natural redução dos preços médios praticados.
Uma tendência também a reter prende-se com o aumento da procura nos distritos do interior, como é o caso da cidade da Guarda onde o aumento dos preços de venda foram na ordem dos 41,6% no período pós-confinamento, pressionando os preços de arrendamento para uma subida de 10,6%.
Quer movidos pelo exponencial aumento da procura turística no interior no verão de 2019, quer pela adoção do teletrabalho, ficaram assim patentes dois mecanismos de especial interesse. Estes podem vir a redefinir a dispersão populacional, revertendo o abandono do interior do país.
Estas tendências em particular poderão demorar algum tempo a marcarem as estatísticas, porém, apresentam-se como uma inegável oportunidade de posicionar cada distrito do interior como uma atrativa opção para comprar ou arrendar casa e ali fixar as próximas gerações.