Campanha #FreeBritney tem ganho nova força depois de “The New York Times” ter publicado série documental sobre a vida da artista.
Corria o ano de 1999 e uma miúda de totós loiros, vestida de colegial e a fazer danças sincronizadas, tomava de assalto as audiências do Mundo com “…Baby one more time”. Vinte e dois anos depois, artistas juntam-se nas redes sociais à campanha #FreeBritney, para apoiar a agora mulher de quase 40 anos a recuperar a sua vida. Mas o que aconteceu neste hiato temporal?
Na sexta-feira, foi emitido o primeiro episódio da série documental “Framing Britney Spears”, produzida pelo jornal “The New York Times” e que relata a conturbada história da cantora e da sua batalha legal contra o pai. Britney Spears está sob tutela legal de Jamie Spears desde que teve um colapso nervoso há 13 anos, após um período de comportamentos bizarros como rapar o cabelo e atacar fotógrafos, tendo sido internada num hospital psiquiátrico para avaliação da saúde mental. O episódio levou o artista David Johnson a criar uma boneca de Britney de cabelo rapado e com várias manchetes de jornais.
Apesar do estigma em torno das batalhas legais causadas pela saúde mental de Spears terem assombrado a cantora desde 2008, e de muita tinta ter corrido sobre o seu desempenho como mãe, o divórcio e consecutivos namorados, a carreira nunca vacilou. Para assinalar o regresso em 2008 apresentou o álbum “Circus”, e continuou a lançar êxitos, fazer digressões, entrar como atriz em séries e associar-se a coleções de perfumes e lingerie muito lucrativas. Só que Britney Spears não tem qualquer controlo sobre essa carreira e respetivos proveitos.
Os fãs da artista expressaram indignação ao perceber que, passado tanto tempo, aquela que já foi denominada Princesa da Pop continua a ser tratada como inimputável. Convencidos de que a própria cantora também quer livrar-se deste vínculo legal, lançaram o movimento #FreeBritney. A este coro de vozes juntaram-se amigos conhecidos como Paris Hilton: “Ela é um ícone, e depois de trabalhar tanto, sinto que não tem controlo sobre a sua vida. Não acho isso justo”.
A tutoria legal, de acordo com os tribunais da Califórnia, acontece quando um juiz nomeia um indivíduo ou uma organização para tratar de outro adulto considerado incapaz de cuidar de si mesmo ou de administrar as suas próprias finanças.
Jamie Spears defendeu-se dizendo que a campanha é um embuste, mas Britney fez saber pelo seu advogado que “agradece o apoio informado de muitos dos seus fãs”.
À época do colapso nervoso, Jamie Spears pediu aos tribunais uma tutela temporária de emergência, alegando que o estado mental da filha a impedia de administrar os negócios, cuidar da saúde ou tomar decisões.
O site FreeBritney.net, lançado em 2019 explicou o motivo pelo qual acreditam que Britney Spears não precisa dessa gestão. “Durante os 13 anos de tutela de Spears, ela fez várias digressões pelo Mundo, lançou vários álbuns e trabalhou numa variedade de programas de televisão”, lê-se. “Os tutores decidem se ela trabalha ou não, já que ela não pode fazer contratos para si mesma, porque legalmente não é ela mesma. Britney Spears precisa de permissão para sair de casa ou gastar o seu próprio dinheiro.” Os fãs também saíram às ruas, exigindo o fim desta situação. A eles juntaram-se o ex-marido e o namorado da cantora.
A confusão familiar
Bryan Spears, irmão de Britney, deu uma entrevista em que afirmou: “Ela está nisto há algum tempo. Obviamente, havia uma necessidade no início. Agora eles fizeram algumas mudanças e tudo o que se pode fazer é torcer pelo melhor”. Já a irmã mais nova, Jamie Lynn Spears, atacou os críticos que alegaram que ela e a restante família não estavam a apoiar Britney: “Quem lida com uma doença mental ou cuida de alguém que dela sofre sabe como é importante respeitar a situação com privacidade, tentando proteger os seus entes queridos sem se importar com o que possa parecer ao público – e o público deve aprender a fazer o mesmo “, escreveu no Instagram. “Não têm o direito de presumir nada sobre a minha irmã e eu não tenho o direito de falar sobre a saúde e assuntos pessoais dela. Ela é uma mulher forte e imparável, e essa é a única coisa que é óbvia”.Jamie Lynn também foi recentemente nomeada como tutora da fortuna da irmã.
De acordo com documentos judiciais obtidos pela revista “People”, Britney opõe-se “fortemente” ao regresso do pai ao papel de único tutor dos seus negócios e finanças. Britney Spears disse que prefere que Jodi Montgomery, que gere a fortuna desde 2019, quando o pai saiu de cena devido a problemas de saúde, continue nesse papel.
Britney expressou através do advogado que quer ter “poder e autorização para procurar oportunidades relacionadas com compromissos e atividades profissionais, incluindo, mas não se limitando a, apresentações, gravações, vídeos, digressões, programas de TV e outras atividades semelhantes, desde que sejam aprovados pelo tutor e pela equipa médica que a segue “.
De acordo com “The New York Times”, a tutela de Britney foi estendida até este ano, e os pedidos da cantora, incluindo a remoção permanente do seu pai como tutor, poderão ser aprovados ou alterados este mês.
Britney pediu a ajuda da mãe, Lynne Spears, para recuperar o controlo da sua vida financeira, tendo Lynne entrado com um pedido para ser tutora.
Uma telenovela para seguir nas próximas semanas.