A Associação Comercial de Braga (ACB) em comunicado, congratulou a tomada de posição da CCP – Confederação do Comércio e Serviços de Portugal sobre a necessidade e urgência de um plano de desconfinamento que contempla a reabertura das atividades económicas a partir de 17 de março.
Segundo a associação, “muitas empresas estão com os seus estabelecimentos encerrados há cerca de dois meses, sem que os apoios concedidos sejam suficientes para compensar a redução da atividade e das vendas”.
É altura do Governo demonstrar “confiança” nos empresários para o cumprimento das medidas de saúde pública que se revelem necessárias, sendo “evidente que a reabertura das atividades económicas tem de arrancar a 17 de março e que durante o mês de abril se deve concluir o processo de desconfinamento”.
A ACB entende, ainda, que devem ser mantidos os apoios no período pós confinamento, no sentido de “evitar o encerramento de milhares de empresas e a destruição de mais postos de trabalho”, assim como a existência de um reforço no Programa Apoiar, “com maior dotação financeira e alargamento do acesso a qualquer empresa que esteja em situação de crise empresarial”.
Já a Confederação do Comércio e Serviços (CCP) considera que “as atividades mais atingidas pela crise” da Covid-19 são “totalmente ignoradas” no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), nos termos da síntese colocada em consulta pública pelo Governo.
A confederação reconhece que está definido que o PRR “não se destina a resolver problemas de natureza circunstancial” e que se concentra nas “grandes mudanças a operar na presente década”. No entanto, lembra que “o PRR só existe porque houve a crise” da pandemia “e são precisamente os setores mais atingidos por esta que requerem um maior esforço de recuperação”.
“As marcas da crise vão, sobretudo, fazer-se sentir no futuro, nas atividades que mais diretamente contactam com o consumidor final, pelas mudanças, que se prolongarão no tempo, no perfil de procura. Sem um esforço de investimento na sua reconversão muitas destas empresas não sobreviverão, pelo que ao não ser acautelada esta situação, a verdadeira crise económica e social provocada pelo Covid terá provavelmente lugar, não no tempo do surto epidémico, mas no tempo da chamada ‘pós-crise’, levando ao possível encerramento em massa de empresas”, alerta a CCP num documento com comentários e recomendações, divulgado esta segunda-feira.
Além desta consideração, a CCP defende que “há um desequilíbrio notório na afetação de recursos financeiros entre investimento público e investimento nas empresas, com excessiva preponderância de investimento público”. Esta tem sido, aliás, uma crítica constante ao PRR, embora o Governo já tenha vindo garantir que as medidas do PRR geram procura adicional dirigida às empresas no valor de 10 mil milhões de euros.
A CCP considera ainda que há uma “clara discriminação” de alguns setores, tendo em conta o seu peso no Produto Interno Bruto (PIB) do país e refere que o documento não tem uma “política territorial, em especial a política de cidade”, que permita “pensar a cidade do futuro como um espaço que se quer inteligente, ecológico e sustentável”. A confederação indica ainda que o modelo de governação “carece de ser melhorado”.
Nas considerações divulgadas esta segunda-feira, a CCP nota que “as reformas apresentadas no PRR ou são quase cirúrgicas ou têm uma abrangência cuja simples enunciação pouco esclarece sobre o seu conteúdo”. Por isso, decidiu apresentar várias propostas, vertidas ao longo de 14 páginas e focadas em três vetores, nomeadamente resiliência, transição climática e transição digital.