s trabalhadores mais jovens (25-34 anos) viram os seus salários diminuir entre 2010 e 2018 independentemente do seu nível de escolaridade, mas quem perdeu mais foram os jovens licenciados. O salário médio real dos jovens licenciados caiu 17% entre 2010 e 2018. Os dados são do relatório “Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal” da Fundação José Neves (FJN), que vai ser apresentado hoje.

O relatório mostra que em comparação, a inversão da tendência decrescente dos salários ocorreu mais cedo para os mestres resultando numa queda menor entre 2010 e 2018, -10%. Estas dinâmicas justificam o aumento da diferença salarial que separa os mestres dos trabalhadores com licenciatura, em 2018, ser mestre equivalia a um ganho salarial de 19,6% face aos licenciados, que compara com 10,6% em 2010.

O estudo revela que a queda salarial foi menor para os que não passaram do ensino básico, provavelmente justificada pelo aumento significativo do salário mínimo. De seguida, quem perdeu menos em termos salariais foram os cursos do pós-secundário não superior, com um decréscimo de 7%. Aliás, em 2018 compensava ligeiramente mais tirar um curso pós-secundário face ao ensino secundário do que em 2010.

O primeiro relatório “Estado da Nação”, que identifica as principais tendências nas qualificações dos portugueses, o valor dessas qualificações no mercado de trabalho e as principais alterações no emprego em Portugal, indica ainda que que apesar da queda generalizada dos salários, mais educação garante emprego e melhores remunerações.

Para o conjunto das pessoas ao serviço em empresas, o maior ganho no salário bruto real médio verifica-se entre o ensino secundário e a licenciatura, são mais 750 euros que correspondem a um ganho de 72%.

Já o salário médio associado ao nível de mestrado é semelhante ao de licenciatura, o que se deve ao facto de os mestres serem sobretudo de uma faixa etária mais jovem que tende a ganhar menos que os trabalhadores mais experientes.

O relatório revela que em geral, a compensação salarial associada a maior escolaridade é menor para os trabalhadores mais jovens, o que em parte se deve à sua menor experiência. Por exemplo, a vantagem de ter uma licenciatura face ao ensino secundário para os trabalhadores entre 25 e 34 anos é de 42%, que compara com os 72% do total dos trabalhadores.

No entanto, os jovens têm ganhos salariais superiores à generalidade da população nos cursos de pós-secundário e nos mestrados. Em 2018, havia um ganho salarial de 10,5% em concluir um curso pós-secundário não superior. No mesmo ano, os mestrados tinham um ganho salarial de 19,6% face às licenciaturas. Os mesmos valores para as pessoas ao serviço em empresas, independentemente da faixa etária, era de 6,6% e -0,1%.

O mesmo estudo mostra também que as mulheres são mais qualificadas do que os homens, mas a disparidade salarial continua a penalizá-las independentemente do nível de educação e área de estudo. Em média, os homens licenciados ganham mais 38% do que as mulheres com o mesmo grau de ensino, o que também se verifica nos restantes níveis de escolaridade, mais 32% nos mestrados e mais 28% no ensino secundário.

As qualificações de ambos melhoraram nos últimos anos, mas são as mulheres que têm maior propensão a prosseguir para o ensino superior.