No encontro entre os presidentes português e brasileiro no Palácio da Alvorada, discutiu-se também economia, agricultura e comércio. “Há divergências mas queremos convergência”.

arcelo Rebelo de Sousa reconheceu diferenças com o Brasil de Jair Bolsonaro em questões económicas, comerciais e agrícolas, à saída do encontro com o seu homólogo, esta segunda-feira, no Palácio da Alvorada, em Brasília. “Há dossiês económicos pontuais onde, naturalmente, há divergências, ou de natureza do domínio da agricultura, no domínio do comércio”, afirmou o presidente de Portugal no último compromisso da visita de quatro dias ao país sul-americano.

“[Essas divergências] também estão sempre presentes no nosso espírito mas com uma ideia de convergência. Vamos ver como conseguimos resolver o problema deste intercâmbio comercial – nesta exportação, neste passo que é preciso dar, naquele outro que é preciso dar…”, continuou Marcelo.

Do lado brasileiro, Bolsonaro não falou à imprensa mas o Ministério das Relações Exteriores deixou uma nota: “Os Presidentes Bolsonaro e Rebelo de Sousa reafirmaram na ocasião a convergência entre Brasil e Portugal nos campos cultural, económico, comercial e multilateral e reiteraram o compromisso mútuo de promover a recuperação económica no contexto pós-pandemia”.

Um dos pontos mais falados foi, de facto, a covid-19, depois de na véspera o chefe de estado português ter prometido à comunidade luso-brasileira pretender trabalhar para que as vacinas aplicadas no Brasil sejam consideradas válidas em território nacional, sem perder de vista a convergência com as regras da União Europeia.

“Pois, falando da variante Delta, temos, como toda a Europa, uma percentagem esmagadora de casos, nós fizemos o ponto da pandemia da ótica portuguesa e ouvimos o ponto da pandemia da ótica brasileira. Digamos que existiu uma preocupação muito clara que é de explorar todos os caminhos – e são muitos – de passos a dar em conjunto, bilateralmente, na União Europeia e na CPLP”, disse Marcelo.

O encontro entre os dois chefes de Estado aconteceu ao final da manhã, meio da tarde em Lisboa, no Palácio da Alvorada, residência oficial do chefe de Estado Brasileiro.

Marcelo foi recebido pela guarda de honra cerca das 12:30 de Brasília (mais quatro horas em Lisboa) por Jair Bolsonaro e uma comitiva de membros do Governo, incluindo o vice-presidente, Hamilton Mourão, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ou o ministro do Gabinete das Relações Institucionais, Augusto Heleno.

Pelo lado português, participaram, além de Marcelo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e o embaixador de Portugal em Brasília, Luís Faro Ramos.

Na cerimónia de cumprimentos, foi notado o contraste entre a comitiva portuguesa, toda de máscara, e a brasileira, incluindo o Presidente Bolsonaro, sem.

“Fizemos aquilo que era expectável”, reagiu, mais tarde, Marcelo. “Não temos que formular juízos sobre a posição das outras delegações, menos ainda formulamos juízos sobre os anfitriões que recebiam o Presidente no Palácio da Alvorada, em sua casa”.

Do dia em Brasília constou ainda um encontro do presidente de Portugal com o presidente da Câmara dos Deputados, a câmara baixa do Congresso Nacional do Brasil, Arthur Lira.