Liga Portuguesa Contra o Cancro aponta impacto económico, psicológico e social desta doença.

O cancro da mama origina perdas por via da produtividade de milhares de euros todos anos, devido à necessidade de os doentes faltarem ao trabalho e às baixas médicas. De acordo com um estudo promovido pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, no último ano, estimam-se mais de 19 mil euros de riqueza não gerada para o país por cada doente de baixa e quase dois mil euros de perdas por cada doente que se manteve no ativo.

Segundo os dados disponibilizados ao JN, estimam-se ainda perdas de produtividade de mais de 9500 euros para os cuidadores. Estas conclusões constam no estudo promovido pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, em parceria com a Roche, com o intuito de aferir o impacto económico e psicossocial do cancro da mama em Portugal.

O estudo, que teve por base um inquérito a cerca de mil utentes, vai ser apresentado hoje, em Lisboa. “Este tipo de estudo não era feito no nosso país. Quisemos saber o que preocupava os doentes com cancro da mama e que alterações houve nas suas vidas”, contou Natália Amaral, médica e coordenadora nacional da Unidade de Psico-Oncologia da Liga Contra o Cancro.

No que toca a impactos na vida profissional, 27% dos inquiridos garantiu esperar há pelo menos um ano por uma junta médica para primeira avaliação. “É muito importante que as entidades oficiais resolvam de vez este problema dos atrasos das juntas médicas. Não se justifica que uma doente oncológica esteja um ano à espera pelas migalhas que o Estado lhe pode dar”, lamentou Natália Amaral.

IMPACTO NA VIDA SEXUAL

No campo psicossocial, devido à doença, 40% dos inquiridos admitem impactos no seu bem-estar físico, enquanto que 36% revela alterações na autoperceção da imagem corporal e 37% na vida sexual. “Sabemos que a mama é um órgão da feminilidade e, portanto, tudo o que seja a mulher ficar sem a mama também a perturba e traz problemas sexuais”, justificou Natália Amaral.

No decurso da doença, 41% dos inquiridos recorreram a ajuda psicológica ou psiquiátrica, sendo que metade foram diagnosticados com depressão. A maioria das mulheres afirma, ainda, não ter feito a preservação da fertilidade. Apenas 15% escolheram esta opção. “É preciso haver informação. Em todas as consultas, esta questão deve ser realçada”, alertou Natália Amaral.