Ao fim de três meses após a toma da vacina de dose única Janssen, a sua proteção diminui de 67%, que é a eficácia observada duas semanas após a toma, para “metade ou menos”, explicou ao jornal Expresso o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, que integra a comissão técnica de vacinação contra a covid-19 da DGS.

“Existe já muita evidência, incluindo dados portugueses, que mostram um decaimento da proteção contra a infeção, mesmo que seja assintomática, conferida pelas vacinas. Nas pessoas que tomaram apenas uma dose esse decaimento é mais rápido do que naquelas a quem foi administrada uma vacina de mRNA [Pfizer e Moderna]. Os seus anticorpos decaem mais depressa e, ao fim de três meses, a proteção cai para valores muito baixos. Estamos preocupados com a falta de proteção contra a infeção dessas pessoas”, explicou ao jornal o especialista.

Por isto, as pessoas vacinadas com a vacina da Johnson & Johnson vão ser elegíveis para receber uma dose de reforço, como anunciou ontem a DGS.

Com o reforço, que será realizado através de vacinas mRNA como a da Pfizer, a proteção já aumenta para níveis “acima de 80%”, garante ainda ao Expresso Luís Graça, imunologista que também pertence à comissão técnica de vacinação da DGS.

Manuel Carmo Gomes ressalva que quem foi vacinado com a Janssen não fica, porém, em desavntagem. “O sistema imunitário aprende muito depressa. Já houve, por assim dizer, um arranque, o sistema imunitário já conhece o vírus por esta altura. O reforço ao fim de três meses dará um grande impulso à produção de anticorpo”, explica.