Apesar de, neste momento, as reservas de sangue ainda serem “suficientes”, em novembro houve uma descida “muito grande” de dadores. O presidente da Federação defende que é preciso rever a forma como são feitas as campanhas de recolha de sangue.
A Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES) alertou, esta quinta-feira, para a necessidade de “mobilização urgente” de dadores para evitar uma falta de sangue “de proporções verdadeiramente históricas e preocupantes” durante a época de Natal e de fim de ano.
Em declarações à TSF, Alberto Mota, presidente da FEPODABES, reforçou este apelo, garantindo, contudo, que os stocks de sangue, neste momento, ainda “são suficientes”. Apesar da pandemia, este ano tem havido sangue “para socorrer as necessidades que são precisas para os hospitais”.
Em novembro, houve uma descida “muito grande” de dadores, avisou Alberto Mota. “Preocupa-nos se a situação continuar com esta descida”, admitiu.
Alberto Mota defendeu que é fundamental rever a forma como são feitas as campanhas de recolha de sangue “para que se possa ter uma dádiva mais regular”.
O presidente da FEPODABES adiantou que não é viável estar a apelar sempre aos mesmos dadores, visto que os homens só podem doar de três em três meses e as mulheres de quatro em quatro.
Em comunicado, a FEPODABES lembra que “dezembro e janeiro são, historicamente, meses de diminuição muito significativa das dádivas, devido a fatores circunstanciais há muito conhecidos, sobretudo ligados aos feriados, pontes, à época festiva do Natal e do início do ano”.
“As reservas de sangue disponíveis neste momento para utilização em cirurgias e situações de emergência são já motivo de preocupação para as unidades de saúde e para os seus profissionais”, afirma a Federação.
Este ano, há outros fatores relevantes que contribuem para a diminuição das dádivas, como o número crescente de infeções por Covid-19, bem como o número de cidadãos em isolamento profilático e a “preocupação” causada pela circulação de uma nova variante do vírus. A FEPODABES considera que as medidas anunciadas pelo Governo para o período de 2 a 9 de janeiro de 2022 vão também ter “um forte impacto na disponibilidade e mobilidade dos dadores”.
A FEPODABES aponta também o facto de a maioria das recolhas de sangue nos hospitais e no Instituto Português do Sangue e da Transplantação serem realizadas em horário laboral. “Tal situação impossibilita que muitos cidadãos possam fazer a sua dádiva, sendo mais um fator negativo para a mobilização dos dadores”, reconhece a Federação.