A Administração da SAD do Vitória vai apresentar aos accionistas, numa Assembleia Geral marcada para esta quarta-feira, um plano económico e estratégico para procurar alavancar a recuperação financeira sem perder competitividade do ponto de vista desportivo.
No documento distribuído aos acionistas, que já vazou para o universo vitoriano, a SAD liderada por Miguel Pinto Lisboa começa por assinalar que iniciou “nas duas últimas épocas desportivas um plano ambicioso” que visa “criar condições para arquitetar uma estratégia sólida de geração de valor e subsequente melhoria da competitividade da equipa”, notando que a crise despoletada pela pandemia de Covid-19 teve “impacto económico superior ao esperado, aliado a uma época desportiva aquém do desejado”, o que levou a “um ano muito negativo economicamente e que exige reflexão e ajustes”. Nesse sentido, este plano tem por principal objectivo “assegurar uma estratégia de reajuste imediato para assegurar continuidade”, assim como “realinhar a estratégia, expondo o plano mais táctico de como atingir e garantir sustentabilidade e retorno no médio prazo, com controlo de riscos e equilíbrio de resultados desportivos vs financeiros”.
A SAD considera que “face ao resultado económico registado na época passada e em luz de um colapso do mercado de vendas”, o clube “precisa de tomar medidas de curto prazo e reajustar a estratégia, de forma a garantir sustentabilidade da mesma”. Ao mesmo tempo, refere que “no curto prazo é necessário garantir tesouraria suficiente para possibilitar que o clube faça a gestão do dia a dia, assegurando que em Janeiro esteja em condições financeiras adequadas e com performance desportiva positiva”. E para tal assume que “o clube pretende assegurar entradas de valores significativos pela venda de activos”, no valor total de 10 milhões de euros, ao mesmo tempo que “pretende também assegurar uma redução significativa da massa salarial via colocação de alguns activos que não estão a ter o resultado desportivo desejado”.
A Administração liderada por Miguel Pinto Lisboa considera ainda necessário avançar com o “reescalonamento de dívida com credores”, bem como com a reestruturação organizacional da SAD, além de uma redução adicional de custos salariais em mais de dois milhões de euros anuais.
De forma a concretizar este plano, a SAD pretende sustentar-se em três pilares estratégicos: talento, com a deteção, atração e capacidade de desenvolvimento de jovens jogadores; a paixão pelos adeptos e sustentabilidade, propondo-se para tal a criar um novo site e uma nova app e a melhorar os meios de pagamento e de serviço do clube, criando proximidade para fazer crescer a massa associativa; e ainda a sustentabilidade, garantindo que “os resultados desportivos e financeiros do clube são sustentáveis no tempo, profissionalizando a estrutura, crescendo o nível de gestão e colocando controlos, objectivos e métricas de governança na organização”.
No futuro próximo, a SAD vitoriana pretende ter um máximo de 100 jogadores com contrato profissional, reduzindo assim o número actual. O total de salários deverá ser igual ou menor que a receita recorrente e passará a existir um tecto salarial, com limites por escalão. O Vitória deseja ainda aumentar proveitos com as infraestruturas, avaliando a possibilidade de naming das suas estruturas. De acordo com a SAD, o plano “não prevê” a entrada de um accionista investidor para o clube, “situação essa que ainda que não explanada, é ainda assim considerada um acelerador da estratégia definida”.
Depois de ter ultrapassado a barreira dos 60 milhões de euros, a SAD anuncia no documento distribuído aos accionistas que o passivo vai ficar na casa dos 38 milhões de euros no fecho das contas da época 2021/2022. De resto, com uma quebra na ordem dos cinco milhões de euros ao longo das próximas temporadas, prevê que na época 2024/2025 possa estar em valores históricos, pouco acima dos 23 milhões de euros. Aliás, para o final da temporada está prevista a retoma dos lucros da Sociedade Anónima Desportiva.