No Teatro Circo, os militantes que encheram a sala ouviram Elisabete Matos, cantora lírica e diretora artística do São Carlos, a cantar o “Nessun dorma”, de Puccini, que faz de hino da campanha, de punho esquerdo levantado. António Costa pegou na deixa da número dois por Braga e pediu que “ninguém durma”, mais uma vez o apelo ao voto.

Na noite deste domingo, Costa não se limitou a fazer o discurso circular de comparação das propostas do PS com as do PSD. Acompanhado por José Luís Carneiro, cabeça de lista em Braga, a cidade mais jovem do país, falou aos jovens. E levou dois slides: um mostrava que, caso o Orçamento do Estado estivesse em vigor um jovem de 23 anos, solteiro, pagaria menos €629 de IRS por ano; no outro exemplo, uma família que ganhasse €2760 mensais, pagaria menos €629 por ano. Mas não deixou de atirar a Rui Rio: “O PSD diz que fazemos política pela negativa: política negativa é a deles, que impedem os jovens de ter esta redução.” Aplausos. “Lembrem-se bem destes números quando vos disserem que é igual votar no PS ou no PSD.”

À entrada, António Costa tem à espera o som de gaitas e bombos. Mas, lá dentro, a música é outra. Elisabete Matos, cantora lírica e número dois na lista por Braga, sobe ao palco. Ouve-se “Nessun Dorma”, o hino da campanha. Ao “Vinceró”, a plateia levanta-se de punho erguido. Está feito o aquecimento.

Depois do momento, Costa diz que “é quase impossível falar”. E talvez por isso volte a por o mesmo disco dos dias anteriores, replicando quase a papel químico o discurso. Os mesmos argumentos, da taxa de desemprego ao Serviço Nacional de Saúde, para vincar as diferenças para com o PSD. “A atual direção do PSD quer fingir que é diferente da anterior direção do PSD”, arranca Costa, trazendo de novo Passos Coelho e Rio à sala.

E seria com o adversário em mente que Costa, qual ilusionista, tira do bolso a descida do IRS proposta pelo PS. Com exemplos concretos: um jovem de 23 anos, com um salário de 1.150 euros, vai poupar 629 euros. E numa família de três pessoas, com um rendimento de 2.760 euros, guardam-se 780 euros.

“O PSD diz que nós fazemos política pela negativa e que não apresentamos políticas positivas. Política negativa é a deles, que chumbam e impedem os jovens de ter esta redução no IRS”, argumenta. “Com o PS não temos de esperar por 2005 e 2006”. O auditório logo corrige. É que na sala são só socialistas, atentos ao que o rival tem para oferecer.