A atividade sísmica que se regista desde a tarde de sábado na ilha de São Jorge, nos Açores, “continua acima do normal”, tendo sido “sentidos 20 sismos” desde a noite de terça-feira e até hoje de manhã.


o seu mais recente comunicado sismológico, o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores adianta, citando o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), que a atividade sísmica que se tem vindo a registar desde as 16:05 hora local (17:05 em Lisboa) de sábado na parte central da ilha de São Jorge, num setor compreendido entre Velas e Fajã do Ouvidor, “continua acima do normal”.

No mesmo comunicado é referido que “vários sismos têm sido sentidos pela população”.

“Desde as 22:00 do dia 22 de março até às 10:00 (hora local) de dia 23 de março foram sentidos 20 sismos”, lê-se no comunicado.

Segundo a informação disponibilizada, estes eventos tiveram magnitude que variou entre 1,6 e 2,7 na escala de Richter e foram sentidos com a intensidade máxima de III/IV (Escala de Mercalli Modificada).

O CIVISA sublinha que “continua a acompanhar o evoluir da situação”.

De acordo com a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).

A escala de Mercalli modificada, segundo o site do IPMA, divide-se em doze categorias: I — impercetível, II — muito fraco, III — fraco, IV — moderado, V — forte, VI — bastante forte, VII — muito forte, VIII — ruinoso, IX — desastroso, X — destruidor, XI — catastrófico, XII — danos quase totais.

Na terça-feira, o secretário regional da Saúde revelou que o Governo Regional dos Açores está a preparar cenários de retirada de pessoas da ilha de São Jorge, caso a crise sísmica se agrave.

“Estamos a cuidar deste problema em permanência com os melhores técnicos para, no caso de ser necessário, termos a resposta preparada para intervir. Esta resposta tem uma natureza ao nível de necessidade de evacuações e de cuidados de saúde e tudo isto está a ser preparado para, na nossa esperança, não ser necessário”, afirmou o titular da pasta da Saúde nos Açores, Clélio Meneses, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, na Terceira.

Segundo Clélio Meneses, que tutela também a Proteção Civil, os utentes internados no Centro de Saúde das Velas, que está mais próximo dos epicentros dos sismos, serão deslocados para o Centro de Saúde da Calheta, na outra ponta da ilha de São Jorge, “no sentido de precaver qualquer situação que torne mais difícil a movimentação, a mobilidade e alguma evacuação”.

Também está a ser identificado, em colaboração com a Câmara Municipal das Velas, “o número de pessoas com mobilidade afetada, para terem uma proteção acrescida”.

Clélio Meneses disse ainda que o executivo açoriano entrou em contacto a Atlânticoline, empresa pública responsável pelo transporte marítimo de passageiros nos Açores, e com as Forças Armadas “para a necessidade de ser emergente” retirar pessoas.

Já foram enviados meios humanos do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA) e do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) para a ilha de São Jorge e estão a ser “preparados bombeiros de outras ilhas para a necessidade de terem de se deslocar” para aquela ilha.

Seguiram também para São Jorge “um reboque multivítimas, equipamento de busca e intervenção em estruturas colapsadas, detetores de soterrados, câmaras de buscas e equipamentos de estabilização”.

Ainda de acordo com Clélio Meneses, não há evidências de que haja atividade vulcânica na ilha de São Jorge, mas as entidades têm de estar preparadas para dar “uma resposta adequada”.