O Moreirense foi despromovido à Liga 2, apesar do triunfo, por 1-0, no encontro com o Chaves, da segunda mão do play-off.

Depois da derrota, por 2-0, em Chaves, os cónegos conseguiram vencer a partida deste domingo, mas o golo de Paulinho, aos 25 minutos, acabou por revelar-se insuficiente.

Numa noite emotiva em Moreira de Cónegos, o golo de Paulinho, aos 25 minutos, ainda relançou a eliminatória, mas os transmontanos, terceiros na II Liga, tiveram estofo para confirmar a 17.ª presença na elite, juntando-se aos já promovidos Rio Ave e Casa Pia.

O Moreirense, de novo com Ricardo Sá Pinto ausente do banco de suplentes, devido a suspensão, devolveu ao ‘onze’ o ‘capitão’ Lazar Rosic e Yan, restabelecido de lesão, e tentou diluir os prejuízos trazidos do duelo em Trás-os-Montes com um início atrevido.

Rafael Martins precisou apenas de três minutos para testar Paulo Vítor, mas a equipa de Vítor Campelos, beneficiando do regresso do ‘capitão’ Luís Rocha, respondeu aos seis, com Kewin Silva a sacudir um cabeceamento de Alexsandro ao canto de João Teixeira.

Se o Chaves voltou a ameaçar aos 20 minutos, tendo Rosic quase introduzido a bola na própria baliza, após um desentendimento com Kewin, os anfitriões adiantaram-se aos 25, num lance desenhado entre Yan e Rafael Martins para o disparo ao ângulo de Paulinho.

Esse golo interferiu no conforto anímico dos flavienses, que se esforçavam para igualar a intensidade ‘cónega’ e até ficaram perto de empatar a quatro minutos do intervalo, com Platiny a atirar para defesa de Kewin Silva e Artur Jorge a bloquear a recarga de Guima.

A carga emocional ajudou a retirar espetacularidade à partida no reatamento, apesar da necessidade do Moreirense em correr contra o tempo para evitar a despromoção, visível somente num pontapé alto de Derik Lacerda, descaído sob a esquerda, aos 60 minutos.

O Desportivo de Chaves explorava a crescente ansiedade dos ‘cónegos’ com ataques cirúrgicos e viu o recém-entrado Patrick falhar sem oposição a emenda ao centro do suplente Nuno Campos, aos 68 minutos, logo antes de João Teixeira rematar para fora.

Ricardo Sá Pinto trouxe Kevin Mirallas, André Luís e Galego para o derradeiro quarto de hora e assumiu risco máximo com a inclusão do defesa central Steven Vitória no apoio aos avançados André Luís e Rafael Martins, sem extrair maior discernimento com bola.

Numa reta final em que pouco se jogou e muito se sofreu, Paulo Vítor ainda afastou um golpe de cabeça de Steven Vitória, aos 90+4 minutos, mas os pupilos de Vítor Campelos estiveram irrepreensíveis a defender uma das derrotas mais saborosas da sua história.

A festa dos cerca de 1.000 adeptos oriundos de Chaves contrastou com a frustração do lado do Moreirense, que voltou a ‘cair’ esta época ante um clube da II Liga, após ter sido afastado da Taça de Portugal e da Taça da Liga por Mafra e Penafiel, respetivamente.

O Moreirense cumpriu o ciclo mais longo na Liga, com oito temporadas consecutivas ao mais alto nível, mas nas próxima época irá experienciar novamente as dificuldades do segundo escalão do futebol nacional.

Declarações Rui Mota treinador adjunto de Sá Pinto, na sala de imprensa do Parque de jogos Comendador Joaquim de Almeida Freitas, após a vitória (1-0) amarga frente ao Desportivo de Chaves, insuficiente para evitar a descida à 2.ª Divisão:

«Tínhamos de ter feito mais em Chaves. Não foi por falta de trabalho nem desvalorizar o Desportivo de Chaves. Já tínhamos tido dissabores com equipas da II Ligas, e a verdade é que no primeiro jogo fomos penalizados. Se tivéssemos tido a capacidade que tivemos hoje, a entrega e capacidade para jogar, estaríamos aqui a festejar a manutenção. É a imagem do que foi a equipa ao longo da época, com altos e baixos. Estamos muito tristes, não conseguimos ser eficazes».

[Justo derrotado e despromovido?] «Se formos ver a justiça do futebol exclusivamente pela eficácia: sim; eles marcaram dois golos e nós apenas um. Mas se formos a ver as coisas de outra forma não considero justa, também tivemos oportunidades, mas não conseguimos marcar».

Declarações de Vítor Campelos, treinador do Desportivo de Chaves, na sala de imprensa do Parque de jogos Comendador Joaquim de Almeida Freitas, após a derrota (1-0) saborosa frente ao Moreirense, que garante aos flavienses o regresso ao principal escalão do futebol português:

Vítor Campelos não escondeu que ficou triste pela despromoção do Moreirense à Liga 2. Depois de ter festejado a promoção do Chaves à Liga, Vítor Campelos deixou uma palavra aos adeptos do Moreirense.

“Desde muito cedo comecei a ver aqui jogos do Moreirense, é um clube do qual gosto muito, ao qual vou estar eternamente grato porque me abriu as portas da Liga. Digo de coração que o Moreirense tem funcionários fantásticos, algumas pessoas são das melhores que conheci no futebol. Estou muito contente pelo que conseguimos com o Chaves, mas por outro lado triste pela descida do Moreirense”, disse, na sala de imprensa.

[Próxima época?] «Quero festejar muito com os jogadores, em Chaves. Amanhã temos um almoço, depois vou fechar-me em casa três ou quatro dias sem telefone e sem nada. Estou mesmo muito desgastado».

[Preparado para a Liga?] «Sinto-me preparado para tudo, já tive uma experiência na Liga e saí quando estava a dois pontos da Liga Europa. Já treino há 23 anos, comecei no distrital em campos de terra e já passei pela Liga dos Campeões da Ásia, se calhar muitas pessoas não sabem. Estou contente, escrevemos uma página bonita na história do Chaves».

[Chaves está dependente de si?] «O Chaves é uma equipa estruturada há algum tempo, sou mais uma peça da máquina. Tenho a certeza que o Chaves já existia antes de eu chegar e vai continuar a existir depois de eu sair. Todos são importantes. Eu sou mais uma peça, se calhar das menos importantes, porque os jogadores é que jogam».

[Importância da subida do Chaves] «O Chaves é mais conotado com as pessoas de Chaves, mas as pessoas de Chaves estão espalhadas pelo país e por todo o mundo. Dou um exemplo, um senhor que tem lá um restaurante, disse que eu fiz de propósito para ir ao play-off porque assim tive mais um dia para servir muito gente. É bom para o comércio, por aqui dá para ver o impacto que esta subida tem. O Chaves e a região de Trás-os-Montes merecem estar na Liga».

[Plantel pronto para a 1.ª Divisão?] «é um jogadores com muitos jogadores com contrato. Como é óbvio, todos os planteis precisam de reajustes. Certamente isso vai acontecer com o Chaves».

Ficha de Jogo

Jogo no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos.

Moreirense – Desportivo de Chaves, 1-0.

Ao intervalo: 1-0.

Marcador:

1-0, Paulinho, 25 minutos.

Equipas:

Moreirense: Kewin Silva, Rodrigo Conceição, Artur Jorge, Lazar Rosic, Pedro Amador, Jefferson (Kevin Mirallas, 71), Sori Mané (Steven Vitória, 83), Paulinho (André Luís, 78), Yan (Gonçalo Franco, 70), Derik Lacerda (Galego, 70) e Rafael Martins.

(Suplentes: Miguel Oliveira, Fábio Pacheco, Ibrahima Camará, André Luís, Matheus Silva, Steven Vitória, Galego, Kevin Mirallas e Gonçalo Franco).

Treinador: Ricardo Sá Pinto (substituído no banco por Rui Mota, devido a suspensão).

Desportivo de Chaves: Paulo Vítor, João Correia (Nuno Campos, 61), Luís Rocha, Alexsandro, Bruno Langa, Obiora, Ricardo Guima (Kevin Pina, 69), João Teixeira (Jô, 89), João Batxi, Wellington Carvalho (Juninho, 69) e Platiny (Patrick, 61).

(Suplentes: Ricardo Moura, Nuno Campos, Kevin Pina, Patrick, João Mendes, Juninho, Adriano Castanheira, João Queirós e Jô).

Treinador: Vítor Campelos.

Árbitro: António Nobre (AF Leiria).

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Lazar Rosic (16), João Correia (27), Jefferson (36), Wellington Carvalho (37), Artur Jorge (83) e Kevin Mirallas (85).

Assistência: 4.051 espetadores.