O presidente do Sporting de Braga, António Salvador, assumiu esta terça-feira que o FC Porto já está a par do preço exigido pelos arsenalistas por Ricardo Horta e deixou elogios à forma de negociar do líder dos dragões, Jorge Nuno Pinto da Costa, materializada recentemente na transferência de David Carmo.

«Com o presidente do FC Porto é muito fácil fechar os negócios: sentamo-nos à mesa e sabemos quais são os valores. O FC Porto já sabe o valor do Ricardo Horta. É só a questão de discutir quais são os jogadores que poderão vir», começou por dizer num encontro com os jornalistas no Estádio Municipal de Braga.

«Se é uma hipótese? Terá de perguntar ao presidente Pinto da Costa. Todos os clubes estão interessados nos bons jogadores. O Ricardo Horta é um dos melhores jogadores portugueses a jogar no campeonato. Agora, o Sp. Braga não tem interesse nenhum em vender o Horta. É um jogador fundamental e um exemplo de capitão do nosso clube», acrescentou.

O Braga mostrou-se recentemente favorável a um campeonato decidido na fase final num play-off, mas não fecha portas a outras soluções.

O Braga defendeu esta terça-feira uma reformulação urgente dos quadros competitivos para um futebol português mais competitivo e sustentável e irá apresentar propostas à Liga, Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e secretário de Estado do Desporto.

André Viana, que lidera o gabinete da presidência, estratégia e media do Braga, fez uma apresentação de um documento – “Reflexão e propostas sobre o presente e o futuro do futebol português” – com um diagnóstico sobre os modelos competitivos nacionais e internacionais.

Para o assessor do presidente do clube, António Salvador, o modelo competitivo em Portugal não é eterno e o Braga “está preocupado” com esse “ecossistema”, procurando acelerar essa discussão que considera fundamental para a evolução do futebol português.

“Como tornar jogos mais imprevisíveis e mais competitivos? Como atrair público e fazer com que o futebol possa ser rentável? É uma discussão que o Braga quer acelerar sob pena de se fazerem estas perguntas tarde demais. Não é preciso criar um grupo de trabalho na Liga para analisar os modelos competitivos, isso faz-se em cinco minutos com um computador e acesso à internet”, vincou André Viana.

António Salvador reforçou: “é preciso agir”.

De entre os vários pontos apresentados, André Viana destacou o facto da liga portuguesa ser das menos competitivas de entre as sete maiores ligas europeias, considerando que “o espetador médio não tem interesse em seguir um jogo já “decidido” à partida, nem uma competição com uma grande margem de probabilidade em cair para um determinado competidor”.

O Braga mostrou-se recentemente favorável a um campeonato decidido na fase final num play-off, mas não fecha portas a outras soluções.

A perda progressiva de adeptos nos estádios nacionais também foi abordada, com o Sporting de Braga a lembrar o comparativo de ocupação dos estádios entre Portugal (8.146 espetadores de média por jogo, 34,3% de ocupação) e Holanda (17.153 espetadores de média, 77,7%).

Ao contrário do preço – “os bilhetes são baratos em Portugal” -, os horários foram um dos fatores mais destacados para essa perda. O clube minhoto revelou que vai rejeitar jogar à segunda-feira e que irá bater-se pela alteração das horas e dias a que se joga em Portugal.

Rejeitando a ideia de esta apresentação ser uma espécie de moção de censura à Liga, António Salvador frisou que “o Braga não se revê neste modelo de direção da Liga há já muitos anos” e que o futebol português “não gira à volta dos “três grandes””.