O comandante-geral da Guarda Nacional Republicana admitiu hoje ter ficado surpreendido com as mensagens alegadamente racistas e xenófobas colocadas nas redes sociais por militares da corporação, sustentando que “a GNR não se revê nestes comportamentos”.
“Fomos surpreendidos por esta situação, tomei conhecimento com a reportagem nos meios de comunicação social”, disse o tenente-general José Santos Correia na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, onde foi ouvido sobre o alegado envolvimento de membros da PSP e da GNR em práticas violadoras do Estado de direito, designadamente na difusão de mensagens racistas.
Na audição, pedida pelo PCP, BE, PAN e Livre, o comandante da GNR sustentou que a corporação é “a primeira interessada” em que a situação seja esclarecida, garantindo que “não pactua com nenhuma situação interna em que haja um desvio dos comportamentos” dos militares.
“A GNR não se revê nestes comportamentos. Sempre que temos conhecimento de alguma situação que demonstre comportamento discriminatório ou desviante, a Guarda atua”.
A audição parlamentar acontece após uma reportagem de um consórcio português de jornalismo de investigação, que inclui jornalistas, advogados e académicos, ter dado conta de que alegadamente quase 600 membros da PSP e GNR, a maioria no ativo, usam as redes sociais para violar a lei ao escreverem mensagens racistas e que incitam ao ódio.
Após a divulgação do trabalho jornalístico, o Governo anunciou que a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) vai abrir um inquérito a este caso das publicações nas redes sociais, por agentes das forças de segurança, que alegadamente incitam ao ódio e à violência.
Também a Procuradoria-Geral da República já anunciou que abriu um inquérito a estas publicações.