O grupo bracarense adquiriu o polémico centro comercial, situado junto à Rotunda da Boavista, que esteve longos anos ameaçado de demolição, por ordem do tribunal, que acabou por o salvar, pouco tempo antes da pandemia, julgando extinta a acção de execução da sentença.

Construído pela Soares da Costa e inaugurado em 1994, o Shopping Cidade do Porto, que acabou nas mãos da Teixeira Duarte, esteve desde o início envolto em polémica, pois o licenciamento violava o Plano Director Municipal do Porto, que previa uma zona verde para aquele espaço.

Construído pela Soares da Costa e inaugurado em 1994, o Shopping Cidade do Porto, que acabou nas mãos da Teixeira Duarte, esteve desde o início envolto em polémica, pois o licenciamento violava o Plano Director Municipal do Porto, que previa uma zona verde para aquele espaço.

O caso acabou denunciado pelo arquitecto José Pulido Valente, que, em 1995, instaurou uma acção popular, com pedido de anulação do licenciamento e demolição das obras, contra o então vereador do Urbanismo da autarquia.

Após uma longuíssima litigância judicial, o Supremo Tribunal Administrativo determinou a ilegalidade do licenciamento. E em 2003, o Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto ordenou a demolição do edifício, tendo a decisão sido suspensa porque houve recursos.

Em Novembro de 2007, o Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto deu 42 meses para que se procedesse ao encerramento, despejo e demolição do edifício. Mas tal nunca aconteceu.

Em dezembro de 2019, o Tribunal Central Administrativo do Norte julga “extinta a instância executiva” (leia-se pedido de execução da sentença) pelo facto de o prédio ter sido entretanto legalizado e não dever, por isso mesmo, ser demolido.

Esta quinta-feira, 5 de Janeiro: “O Shopping Cidade do Porto entrou em 2023 com um novo dono. Trata-se do Grupo Domingos Névoa, que adquiriu ao Grupo Teixeira Duarte 100% da empresa proprietária e gestora do centro comercial portuense, numa operação orçada em 28 milhões de euros”, anuncia a compradora, em comunicado.

Integrado num complexo imobiliário constituído por escritórios, hotel e parque de estacionamento coberto com 560 lugares, o Shopping Cidade do Porto tem cerca de 15 mil metros quadrados de área locável, distribuídos por quatro pisos, e integra um total de 90 lojas, entre as quais se encontram “âncoras” como a Zara, o supermercado Froiz, a Decathlon, o Fitness Hut, a Livraria Bertrand, a Cortefiel e o McDonald’s .

De acordo com o novo dono, o centro comercial recebeu 3,4 milhões de visitas no ano passado, mais 48,6% face ao ano anterior.

Já “segundo os dados disponibilizados pela equipa gestora do ‘shopping’, o ano transato permitiu registar vendas globais (com IVA) superiores a 35 milhões de euros (mais 44,4% do que em 2021)”.

Pagou 20 milhões pela compra do Braga Retail Center e do Mira Maia Shopping

Nos “próximos meses será trabalhada a renovada visão” para o centro comercial, que será apresentada “oportunamente”, refere Sousa Ribeiro, diretor-geral do Grupo Domingos Névoa para esta área de negócio.

A compra do Shopping Cidade do Porto corporiza o terceiro investimento do género do grupo empresarial bracarense no espaço de um ano, depois da compra do Braga Retail Center e do Mira Maia Shopping, no final de 2021, onde desembolsou 20 milhões de euros.

“Juntam-se aos ativos em carteira situados em Beja e Darque (Viana do Castelo)”, acrescenta o mesmo grupo.

“No ano passado, sinalizámos a intenção em sermos protagonistas neste segmento de negócio. A aquisição do Shopping Cidade do Porto e do seu parque de estacionamento é uma etapa importante na estratégia traçada, não só pelo que representa empresarialmente como para a própria dinâmica socioeconómica da Invicta”, sublinha Bruno Névoa, CEO e acionista do Grupo Domingos Névoa.

Apresentando-se como empresa multissetorial de âmbito nacional, com base em Braga, o Grupo Domingos Névoa opera nas áreas da distribuição automóvel (concessionários da Mercedes-Benz, Smart, Jaguar, Land Rover e Ford), promoção imobiliária, construção civil, centros comerciais (gestora e proprietária), ambiente (águas e resíduos), parques de estacionamento e hotelaria.