Há mais um possível conflito de interesses a envolver outro membro do Governo: o novo secretário de Estado do Ambiente. A tutela já reagiu.
OMinistério do Ambiente esclareceu, esta sexta-feira, que quando o secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, vendeu a empresa CRIAT “não previa ser convidado” para o Governo, depois o jornal Nascer do SOL ter avançado que o negócio foi feito a um lóbi do lixo.
“Hugo Pires vendeu a empresa CRIAT, que não é da área do ambiente mas sim de arquitetura e construção, a 19 de maio de 2021, altura em que, naturalmente, não previa ser convidado para o cargo de Secretário de Estado do Ambiente, em 2023”, diz a tutela, em comunicado enviado às redações.
De acordo com a publicação, quando Hugo Pires era deputado vendeu a própria empresa de arquitetura e reabilitação urbana a uma empresa agrícola detida por duas irmãs, que são também sócias do grupo Semural, e que se dedica ao tratamento de lixo e resíduos e importa lixo radioativo considerado perigoso.
Ora, o atual secretário de Estado terá ainda assinado um parecer sobre resíduos urbanos no mesmo mês em que vendeu a empresa.
Contudo, o Ministério do Ambiente sublinha que Hugo Pires “não tem atualmente qualquer participação social em alguma empresa” e que também “não tem qualquer inibição ou impedimento, de qualquer tipo, no exercício das funções que lhe foram confiadas“.
Acrescenta ainda que “em relação à sua atividade como deputado, participou nos trabalhos da Comissão de Ambiente e de Energia da Assembleia da República, experiência importante para as tarefas que agora desempenhará”.
O gabinete do ministro Duarte Cordeiro assegura ainda que Hugo Pires “cumpriu com os seus deveres declarativos enquanto deputado”.
Esta notícia surge um dia depois da então secretária de Estado da Agricultura Carla Alves ter apresentado a sua demissão por entender não dispor de “condições políticas e pessoais” para iniciar funções, um dia após a tomada de posse.
Perante as várias polémicas, o primeiro-ministro dirigiu na quinta-feira à noite uma carta ao Presidente da República a sugerir a criação de um mecanismo de verificação no processo de indicação de governantes, ideia que já tinha abordado no parlamento.