A grande maioria (60,7%) dos trabalhadores por contra de outrem, com idades entre os 20 e os 30 anos ganha um salário mensal líquido inferior a mil euros, sendo que, em 2022, eram 436 mil os jovens que estavam neste patamar salarial.
Os números do Instituto Nacional de Estatística, com base no Inquérito ao Emprego, são analisados pelo Jornal de Notícias e revelam que os salários baixos são ainda mais expressivos quando se tem em conta o rendimento médio por mês da principal atividade laboral, ou seja, se não foram contados os segundos empregos, como trabalhos em part-time.
Em 2022, segundo o inquérito, os jovens entre os 20 e 39 anos ganhavam, em média, 843 euros por mês de salário.
As estatísticas analisadas não têm em conta os jovens trabalhadores independentes ou casos de irregularidade laboral, como os ‘falsos recibos verdes’. Assim, segundo o INE, no ano passado havia 58% dos trabalhadores com entre 20 e 30 anos a trabalhar por conta de outrem com um contrato sem termo. A percentagem equivale a 416,6 mil trabalhadores, o que significa que há mais estabilidade no mercado de trabalho nesta faixa etária.
A análise revela que os salários mais altos e os contratos mais estáveis estavam em maioria entre os homens (54,2% ganhavam 1000 ou mais euros e 52% tinham contratos sem termo).
Segundo Dinis Lourenço, coordenador da Interjovem da CGTP, para além da desvalorização das carreiras e profissões, os baixos salários refletem-se também no facto de os jovens não conseguirem sair de casa dos pais por não conseguirem “encontrar rendas acessíveis”, adiando também as hipóteses e projetos de constituir família.
“Os salários dos jovens trabalhadores servem hoje para compor o orçamento familiar. Mesmo os que moram em casa dos pais não conseguem poupar”, explica o responsável, destacando que são poucos os jovens trabalhadores a ocupar lugares de chefia ou liderança nas empresas.