O encontro era “o jogo” que valia um campeonato, era o selo que servia para aproximar ainda mais o Benfica ao desejado título de campeão nacional. No momento fundamental, os encarnados tinham a obrigação de ganhar e não traíram as expectativas de uma Luz em festa, impondo-se pela margem mínima com um golo de Rafa Silva.
Os bracarenses vinham de oito resultados positivos consecutivos, sete dos quais foram vitórias. Com a ausência de Al Musrati, indisponível por lesão, o seu lugar foi ocupado por Racic, ligeiramente mais recuado na proteção à defesa.
Do outro lado, o Benfica confirmou novamente João Neves no meio-campo no lugar de Florentino, e Aursnes como defesa direito no lugar de Bah, embora este último já estivesse recuperado.
Depois do apito apito inicial, as duas equipas entraram muito enérgicas, mas foi a da casa que assumiu rapidamente o jogo e a posse de bola.
A insistência benfiquista na fase de ataque cresceu visivelmente, com o onze de Schmidt a atacar mais a profundidade e a utilizar, sobretudo, as laterais.
O dinamismo ofensivo dos lisboetas criou aos 17 minutos uma grande oportunidade, quando um cruzamento de Gonçalo Ramos, da direita, quase seria concretizado por João Mário de cabeça, tendo sido travado graças à intervenção de Borja. Três minutos depois, foi Rafa a ter nos pés a bola da vantagem, mas nem desta o Benfica conseguiu furar a baliza.
Por outro lado, a agressividade dos encarnados não permitia ao SC Braga ter o tempo para pensar, nem a lucidez para recuperar a bola. Foi só à passagem da meia hora que os minhotos conseguiram aproximar-se à grande área dos caseiros, mas sem grande perigo para Odysseas.
Os últimos minutos do primeiro tempo foram novamente animados pela garra benfiquista, com as águias a aproximarem-se repetidamente da baliza arsenalista, mas sem sorte na fase de finalização.
A segunda parte viu o Benfica entrar em campo com um ritmo mais calmo, com a clara intenção de poupar energias até o fim, mas sem renunciar aproximar-se da baliza de Matheus, sempre que fosse possível.
Do outro lado, o Braga também entrou mais motivado, embora demonstrando-se mais sólido, sobretudo na fase defensiva.
Foi aos 60 minutos que os lisboetas andaram novamente perto da vantagem: cruzamento tenso da esquerda de Grimaldo, com Gonçalo Ramos a mandar a bola à parte exterior do poste.
O inferno da Luz continuou com entusiasmo a acompanhar as tentativas dos seus jogadoras, mas em campo os jogadores de Schmidt continuavam a não conseguir concretizar os perigos criados.
O apoio das bancadas viu finalmente a sua concretização em campo, aos 67 minutos, com uma pincelada de Rafa que, em contra-ataque, lançado por Neres em grande velocidade, conseguiu ‘envenenar’ a baliza de Matehus.
Ainda numa transição ofensiva, aos 76 minutos, Rafa – outra vez ele – tentou um remate de chapéu que passou por cima da baliza, perdendo, por muito pouco, a oportunidade de fazer o xeque-mate no jogo.
No final, aos 85 minutos, chegou uma das melhores oportunidades para o Braga, sob iniciativa do melhor dos minhotos, Bruma, que cruzou da direita e apanhou a cabeça de Banza, que não conseguiu acertar na baliza de Odysseas.
Os oito minutos de compensação foram um autêntico sofrimento para os adeptos do Benfica, com, pelo meio, um momento de grande confusão (e tensão) entre os dois bancos. Ainda assim, depois do apito final, todo o estádio da Luz pôde levantar os braços ao céu e festejar uma merecida e sofrida vitória. O título número 38 está, agora, realmente a caminho.
Artur Jorge, treinador do Sp. Braga, na conferência de imprensa após a derrota com o Benfica na Luz.
«Não levamos daqui o que queríamos. Vínhamos para vencer. A estratégia passava por segurar a entrada muito forte do Benfica para depois ir em busca do golo. Na primeira parte, houve maior ascendente do Benfica, mas criámos algumas oportunidades. Os meus atletas cumpriram tudo o que foi planeado à risca.
Ao minuto 43m há um penálti sobre o Ricardo Horta, que nos podia permitir ir para o intervalo em vantagem. A segunda parte foi mais equilibrada, o Benfica fez o golo e depois fomos em busca de corrigir o resultado para levar pontos. Saio daqui satisfeito pela exibição, mas não pelo resultado.»
[Sp. Braga podia ter sido mais corajoso no jogo?]
«A equipa portou-se lindamente de acordo com o plano desenhado. Se podíamos vir aqui jogar com dois ou três avançados? Talvez, mas seria um risco fazê-lo frente a uma equipa como o Benfica e podíamos não conseguir levar o plano até ao fim.»
[ausência de Al Musrati pesou na estratégia?]
«Não. O que pensámos não foi em função de nenhum jogador. Achávamos que era este o caminho para levar daqui a vitória. Ausência do Al Musrati foi importante porque ele é um jogador preponderante para nós, mas não tenho nada a apontar à equipa.»
«A nossa luta continua porque temos mais três finais pela frente e muita coisa para conquistar. Esta derrota não pode beliscar em nada o que fizemos até aqui. É um resultado que não queríamos, mas continuamos em busca de mais para conseguir as três vitórias que faltam no campeonato, mais a final da Taça.»
[derrota afasta Sp. Braga do título?]
«Nunca disse que estávamos a lutar pelo título, por isso estou tranquilo em relação a isso, mas queríamos mais. Estando nós em terceiro, querer mais significa querer o segundo ou o primeiro. Perder este jogo deixa-nos mais longe do primeiro classificado, mas queremos garantir o top-3 e ganhar todos os jogos que temos pela frente.»
O treinador do Benfica, Roger Schmidt, em declarações após a vitória sobre o Sp. Braga, na Luz, por 1-0, na 31.ª jornada da Liga 2022/23:
«Foi um jogo de futebol fantástico. Tudo foi perfeito. Foi muito importante, quando se joga primeiro contra terceiro, decisivo a quatro jornadas do fim. Quando neste tipo de jogos se joga no seu melhor, mostra-se coragem, futebol fantástico, estou muito orgulhoso na minha equipa. A única coisa que podíamos ter feito era ter resolvido o jogo na primeira parte, tivemos ocasiões para 4-0, 5-0. Fiquei surpreendido com eles, só jogaram bola longa, mal estiveram no nosso último terço. Mesmo com grandes oportunidades falhadas os meus jogadores ficaram calmos e tranquilos, foi um teste mental também. Fomos muito melhores e no final dos 45 minutos havia 0-0. Debatemos isso ao intervalo e eles [jogadores] mostraram qualidade, coragem, paciência e qualidade de esperar pelo momento certo e marcar. Fomos muito melhores e merecemos ganhar. Estou contente por termos jogado assim perante esta equipa com o estádio como estava. Jogámos tal e qual os adeptos apoiaram hoje. Foi um grande dia para o Benfica.»
«Ponto negativo? A eficácia não foi a top. No final é 1-0 e não se acredita que seja 1-0. É uma coisa negativa, mas pode vir a ser uma coisa boa, porque se não aproveitas e o teu adversário não consegue nada… jogámos muito bem, nas transições e ao intervalo era 0-0. Não ficar chateado com isso e depois ganhar, acho que pode ser uma coisa boa. A mentalidade foi de nível máximo.»
«Árbitro? Se viram o jogo e querem falar do árbitro…então não se pode amar futebol. Depois deste jogo, de uma equipa jogar de forma corajosa, para a frente, acreditando nela própria e querem falar do árbitro? É ridículo.»
Ficha de Jogo
Jogo realizado no Estádio da Luz, em Lisboa.
Benfica – Sporting de Braga, 1-0.
Ao intervalo: 0-0.
Marcadores:
1-0, Rafa, 67 minutos.
Equipas:
– Benfica: Vlachodimos, Aursnes, António Silva, Otamendi, Grimaldo, João Neves, Chiquinho, João Mário (Florentino, 88), Rafa, David Neres (Gonçalo Guedes, 81) e Gonçalo Ramos (Musa, 76).
(Suplentes: Samuel Soares, Gilberto, Lucas Veríssimo, Gonçalo Guedes, Ristic, Musa, Florentino, Cher Ndour e Morato).
Treinador: Roger Schmidt.
– Sporting de Braga: Matheus, Victor Gómez (Álvaro Djaló, 82), Niakaté, Tormena, Cristián Borja (Sequeira, 46), Racic (Gorby, 82), Iuri Medeiros (Pizzi, 66), André Horta (Simon Banza, 75), Bruma, Abel Ruiz e Ricardo Horta.
(Suplentes: Tiago Sá, Serdar, Sequeira, Álvaro Djaló, Paulo Oliveira, Mendes, Pizzi, Simon Banza e Gorby).
Treinador: Artur Jorge.
Árbitro: Luís Godinho (AF Évora).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Otamendi (34), João Neves (41), Ricardo Horta (45+5), João Mário (86), Sequeira (90), Bruma (90+7) e Alvaro Djaló (90+11).
Assistência: 60.289 espetadores.